Summer Breeze Brasil dia 03

28/04/2024
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Memorial da América Latina, São Paulo
Texto por Otávio Juliano – Instagram @showsbyotavio

Fotos por Leandro Anhelli – Instagram @anhelli1980 e Rogério Talarico – Instagram @rogeriotalarico

Depois de um sábado intenso e repleto de atrações nacionais e internacionais, era a hora de dar início a mais um dia de Summer Breeze Brasil. O último. Assim como no dia anterior, o domingo também prometia ser muito interessante, inclusive com a estreia de bandas no Brasil.

Para saber mais sobre estrutura e atrações extras do Summer Breeze Brasil acesse a matéria completa sobre o primeiro dia do evento, disponível também aqui no site oficial da rádio.

SHOWS – Terceiro dia

E enfim chegamos ao terceiro dia do Summer Breeze Brasil. Essa foi uma das principais novidades em relação à edição anterior: para 2024 o festival não foi organizado somente no final de semana, começando já na sexta-feira pela manhã.

Assim como aconteceu na sexta-feira com o Nestor, para os fãs do Hard Rock vindo da Suécia era necessário acordar cedo e se dispor a chegar antes das 11hs para estar a postos em frente ao palco “Ice Stage”. A vez agora era do Eclipse, outra banda expoente da criatividade sueca, que parece ser infinita quando se trata de formar ótimas bandas e compor canções de Hard Rock.

Este redator que vos escreve teve a possibilidade de conversar brevemente com o vocalista e guitarrista Erik Martensson minutos antes da apresentação e, apesar da atenção e simpatia em atender o jornalista, o clima era de tensão para ajustar o som antes do início do show.

Isso ficou evidente no palco, em frente a todos os presentes. Aos gritos, uma pessoa da equipe da banda cobrava um acerto rápido por parte da produção, o que finalmente acabou acontecendo a tempo de o Eclipse entrar em cena apenas com alguns poucos minutos de atraso.

Originário de Estocolmo e formado em 1999, o Eclipse já possui uma discografia bastante representativa, com nove álbuns lançados, embora seja a partir de “Are You Ready to Rock” (2008) que a coisa toda passou a engrenar.

Com repertório que pareceu ser escolhido sob medida para um festival de estreia da banda no país, os suecos logo de cara tocaram canções que empolgaram – “Roses on Your Grave”, com ótimos riffs, e “Got It”, de refrão grudento. Era para prontamente ganhar o público e a resposta veio ao longo dos quase sessenta minutos de show. Os fãs enfim estavam vendo ao vivo o Eclipse no país e os músicos visivelmente estavam empolgados com o que viam.

Do outro lado da passarela, no palco “Sun Stage” era a banda Torture Squad (com participação da vocalista Leather Leone) que se apresentava, ainda antes do meio-dia. No “Waves Stage”, às 12:05h era a vez do Santo Graal se apresentar, grupo vencedor do concurso New Blood, promovido pela organização do festival.

Nesse mesmo horário foi o While She Sleeps que abriu a agenda do palco “Hot Stage”. Oriundo da Inglaterra, a banda de Metalcore acabou de lançar o novo disco “Self Hell” (março/24) e fez sua segunda visita ao Brasil.

No início da tarde a reportagem da Kiss FM conseguiu acompanhar a apresentação de outro expoente dos países nórdicos, mas desta vez não da Suécia, mas sim da Finlândia. O Battle Beast fez um show digno de destaque no palco “Sun Stage”, deixando os entusiastas da banda (e também alguns não entusiastas) boquiabertos.

Intensos, os músicos agitaram o público por uma hora, destacando-se a performance e a presença de palco da sorridente vocalista Noora Louhimo. Era quase impossível ficar parado ao som de “King for a Day”, “Bastard Son of Odin” ou “Beyond the Burning Skies”. Ou você balançava a cabeça ou acabaria ao menos se rendendo a levantar o punho cerrado a cada batida das canções, afinal a energia da banda contagiava.

Pedidos de palmas também foram prontamente atendidos pela plateia ao longo de todo o repertório, montado em cima de três dos seis discos até então lançados pelo Battle Beast, com destaque principalmente para faixas do “Bringer of Pain” (2017) e “Circus of Doom” (2022). Uma excelente estreia no Brasil.

Enquanto o palco “Sun Stage” era montado para que o Ratos de Porão se apresentasse em seguida, ainda havia tempo de acompanhar o final do show de um dos ícones do Thrash Metal, o Overkill.

Considerada unanimidade por parte dos fãs do gênero, a banda Overkill surgiu na década de oitenta e se mantém firme ao longo dos anos, apesar de muitas mudanças em sua formação. Remanescentes dos primórdios somente o vocalista Bobby “Blitz” Ellsworth (vocal) e o baixista Carlo “D.D.” Verni, que se recupera de uma cirurgia no ombro e acabou não vindo para o Brasil, sendo substituído por um grande nome das quatro cordas – David Ellefson (ex-Megadeth).

No palco ao lado, o “Hot Stage”, seguido ao show do Overkill, mais um nome da Suécia, país que teve tantos representantes no Summer Breeze Brasil. A banda Avatar trouxe seu “Freakshow” pela segunda vez a São Paulo (já havia feito a abertura para o Iron Maiden, em 2022).

Com uma grande base de fãs já formada no país, o Avatar agradou seu público com uma performance enérgica que vale inclusive uma pesquisa por vídeos na Internet, para quem nunca viu o grupo de Melodic Death Metal ao vivo. Os músicos giram a cabeça inúmeras vezes enquanto tocam – procure por vídeos da dobradinha de músicas que fechou a apresentação, “Smells Like a Freakshow” e “Hail the Apocalypse”.

Se o assunto era música pesada, as atrações que viriam em seguida não deixaram a desejar. Em um dos palcos centrais, o Carcass retornava ao Brasil, mas a equipe da Kiss FM acabou por conseguir acompanhar apenas o show do Death Angel, no palco “Sun Stage”.

Formada na Bay Area, em São Francisco, o Death Angel não alcançou o mesmo sucesso de seus conterrâneos americanos Metallica, Megadeth e Slayer por exemplo, mas é sempre lembrada como um dos principais nomes a elevar o gênero ao status que possui até hoje.

Palhetadas velozes e muito peso deram o tom da apresentação de uma hora de Mark Osegueda e cia, para uma fiel plateia, que sabia as letras e agitava ao som de “The Moth”, “The Ultra-Violence” e “Humanicide”.

Paralelamente a aos shows citados, o palco “Waves” recebia durante a tarde as bandas nacionais Hellish War, John Wayne, AXTY e Kryour. À noite, o The Troops of Doom, formado pelo ex-Sepultura Jairo Guedz, ficou com o encargo de encerrar os trabalhos desse palco, mas infelizmente não foi possível acompanhar as apresentações.

O “Sun Stage” ainda tinha na agenda o show do Amorphis e os palcos centrais guardavam para o final a trinca de headliners: Killswitch Engage, Anthrax e Mercyful Fate.

 

Pela ordem, a banda americana de Metalcore Killswitch Engage se apresentou pouco depois das 17hs e trouxe ao festival rajadas de fogo no palco, “esquentando” ainda mais a já abafada noite. O vocalista Jesse Leah foi literalmente para o meio da galera, mostrando sua potência vocal em canções que exigem bastante de suas cordas vocais, como “The End of Heartache” e a ótima “My Curse”.

 

Mesmo com pouco mais de uma hora programada para a banda, o Killswitch Engage apresentou um set list de dezessete canções autorais e um cover para “Holy Diver” (Dio). Rodas se abriram na pista e o público aproveitou como se o festival estivesse acabando (e estava mesmo).

 

Começava a escurecer devido ao horário e a plateia estava de “alma lavada” com o show dos americanos. Apenas uma outra “pedreira” manteria o nível de empolgação geral e a paulada veio com uma apresentação impecável do Anthrax.

 

Dan Lilker estava de volta ao baixo depois de quarenta anos (Dan é cofundador da banda, mas gravou apenas o primeiro disco, “Fistful of Metal”, de 1984). Com um jeito peculiar de tocar e empunhar seu instrumento, Lilker se juntou à banda para substituir Frank Bello nesta parte da turnê.

 

Depois de três dias de festival, as últimas energias estavam mesmo guardadas para o Anthrax, membro do chamado “Big Four” do Thrash Metal. “Antisocial” (Trust), “Madhouse”, “I Am The Law”, que contou com a participação de Andreas Kisser (Sepultura) e “Caught in a Mosh” foram algumas das canções que levaram o público à loucura. Até uma roda de mosh com alguma espécie de sinalizador de cor vermelha foi aberta em meio à pista.

 

Joey Belladonna não parou um minuto sequer de interagir com o público, pedindo muito barulho da plateia (e sendo prontamente atendido), além de jogar palhetas dos guitarristas muitas vezes e até pedir (e receber) um cigarro das mãos do público. Scott Ian, membro fundador e integrante desde a formação da banda em 1981, mostrou toda sua vitalidade no palco, com suas tradicionais corridas pelo palco.

 

Ainda havia a presença do Mercyful Fate no domingo. A banda liderada por King Diamond tem uma sonoridade bastante característica, com letras que tratam de ocultismo, horror e temáticas satânicas, contando com um instrumental muito bem trabalhado e diversos agudos e falsetes por parte do vocalista.

 

O som novamente estava incrivelmente alto e a pista abarrotada. Quando a cortina preta com o nome da banda foi retirada, a reação do público foi imediata ao som de “The Oath”, a primeira canção da apresentação.

 

“Melissa”, “Black Funeral” e “Come to the Sabbath” transportaram os fãs para o início da década de oitenta, quando essas composições foram lançadas,mas também houve espaço para a mais recente “The Jackal of Salzburg”. Contando atualmente Hank Shermann e Mike Wead (guitarras), Bjarne T. Holm (bateria) e Becky Baldwin (baixo), a banda mostrou estar entrosada e os olhos dos fãs ficaram mesmo vidrados no palco com sua pomposa estrutura.

 

Vídeos do fosso frontal montado para os fotógrafos (o chamado “pit”) foram proibidos pela produção, então os registros encontrados na Internet (inclusive no Instagram da rádio) vêm todos do público.

 

A última passagem do Mercyful Fate pelo Brasil havia sido em 1999 e o King Diamond lembrou disso, destacando que era realmente muito tempo de espera e, logo em seguida, afirmando que prometia retornar.

 

Balanço Geral da Segunda Edição

 

Com esse final de proporções “satânicas”, a segunda edição do Summer Breeze Brasil foi definitivamente encerrada, com saldo novamente bastante positivo.

 

A disposição dos quatro palcos, sem que um deles fosse de uso exclusivo de uma determinada parte dos pagantes, como ocorreu em 2023, permitiu ao público escolher o que mais interessava ao longo dos dias, ou até mesmo optar pelo descanso ou uma pausa para compras ou alimentação.

 

Em 2025 o festival já tem data marcada e serão dois dias (03 e 04 de maio), ao invés de três, o que certamente facilitará o acesso dos fãs, seja pelo lado financeiro (um ingresso a menos para adquirir), seja pelo cansaço físico e disposição necessárias para aguentar três dias seguidos de programação com doze horas de shows.

 

Fica agora a expectativa do line up para o próximo ano, já que o Summer Breeze Brasil tem sido generoso ao trazer diversas bandas pela primeira vez ao país, alegrando e motivando o público a comparecer sempre ao festival.

 

Que venha a terceira edição! Estamos prontos!

 

Agradecimentos à produção do evento e à Agência Taga pela atenção e credenciamento de toda a equipe da rádio.

 

Bandas – Domingo 28/04

 

Palco “Hot Stage”

 

While She Sleeps

Avatar

Killswitch Engage

Mercyful Fate

 

Palco “Ice Stage”

 

Eclipse

Overkill

Carcass

Anthrax

 

Palco “Sun Stage”

 

Torture Squad

Battle Beast

Ratos de Porão

Death Angel

Amorphis

 

Palco “Waves Stage”

 

Santo Graal

Hellish War

John Wayne

AXTY

Kryout

The Troops of Doom

Fonte: Redação Kiss FM

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