É bem verdade que a inconstante carreira da banda californiana The Calling é repleta de recomeços, com diversas mudanças de formação entre uma e outra retomada das atividades, tendo apenas dois álbuns de estúdio lançados, nesses mais de 25 de anos desde a sua formação.
Disputas jurídicas pelo nome do grupo também fazem parte da história do The Calling, que hoje se mantém na ativa sob a liderança do vocalista Alex Band, único fundador remanescente.
Alex é um exemplo de superação, já tendo enfrentado situações bastante difíceis, algumas delas relacionadas à saúde, que perduram até hoje. Além de sofrer um violento sequestro em 2013, que deixou marcas físicas e traumas, quase o levando à morte, Band foi diagnosticado com a doença de Parkinson e convive desde à infância com um problema na coluna que, segundo ele mesmo relevou, já lhe rendeu a perda de alguns centímetros de altura.
É com essa busca constante por forças para enfrentar cada novo dia que Alex e o The Calling confirmaram mais uma vinda ao Brasil, fato que não ocorria desde 2019. Foram mais de vinte apresentações agendadas, ainda que algumas tenham sido canceladas ou alteradas, como aconteceu com o show de Porto Alegre, modificado devido à situação de calamidade enfrentada pelo Estado gaúcho.
Na cidade de São Paulo foram duas datas. A reportagem da Kiss FM pôde acompanhar a apresentação extra, ocorrida na última sexta-feira. O público presente não encheu o local (para a primeira data em abril, os ingressos foram esgotados), mas reviveu os grandes sucessos da banda, particularmente aqueles advindos do aclamado álbum “Camino Palmero” (2001).
Foi desse disco que saiu a canção mundialmente famosa “Wherever You Will Go”, uma balada que, gostando ou não, você com certeza a conhece. “Adrienne” e “Stigmatized” são outros exemplos de composições do álbum que despertam emoções e saudosismo nos fãs.
As três obviamente estiveram no repertório do show da capital paulista, que durou cerca de uma hora, incluindo o bis com “Anything”, canção extraída do segundo e último álbum lançado – “Two” (2004).
Shows do The Calling não são, de fato, longos, talvez pelo repertório abranger apenas dois discos. Além disso, Band tem as citadas questões de saúde que o acompanham, mas isso não o prejudica naquilo que tem de mais precioso: seu dom para cantar.
Extremamente simpático e sorridente, o vocalista não cansou de agradecer a plateia, arriscando até mesmo um grito de “sai do chão”, que deve ter aprendido nesse mais de um mês andando pelo Brasil afora. Cada sorriso de agradecimento certamente vem com um sentimento de superação por parte de Alex.
Acompanhado do baixista Dom Liberati, que fez um show de abertura, e do guitarrista Daniel Damico, Alex hoje conta com o baterista Brandon Lynch para completar a formação atual da banda.
Prometendo lançar o terceiro disco em breve, o The Calling aproveitou para tocar ao vivo “Hold On Me”, nova composição que deverá fazer parte do próximo trabalho de estúdio, prometido para o verão americano.
Alex destacou que não sabia a recepção que iria encontrar no Brasil, pois fazia muitos anos que não vinha ao país, mas afirmou estar muito feliz com o carinho dos fãs, lembrando que havia tocado para diferentes tamanhos de público pelas cidades brasileiras.
Destacou que gosta de shows mais intimistas, que permitem a ele enxergar o rosto dos fãs, agraciados com um momento acústico, quando Alex sentou e tocou um medley de canções em versão voz e violão. O carinhoso acolhimento do público foi inclusive retribuído com a execução de “Nothing’s Changed”, que sequer estava no set list, mas foi pedida por alguém que estava próximo ao palco.
Set List:
Stand Up Now
Adrienne
Our Lives
Could It Be Any Harder
Stigmatized
For You/Things will Go My Way/If Only (acústico)
Nothing’s Changed
Hold on Me
Why Don’t You & I (Santana)
Wherever You Will Go
Bis:
Anything