2ª Edição – Festival e estrutura
Originalmente organizado na Alemanha, o Summer Breeze Open Air ganhou sua primeira edição no Brasil em 2023, retornando neste ano ao Memorial da América Latina, para proporcionar novamente uma experiência memorável aos fãs de Rock e Heavy Metal.
Dessa vez não foram somente dois dias, mas sim três. O evento que começou na sexta-feira apresentou mais uma vez estrutura de alto padrão, com um total de quatro palcos: dois principais, montados lado a lado, e mais dois adicionais, acessados por meio de passarela.
O ingresso “Summer Lounge”, com direito a bebidas e comidas, foi uma opção para quem queria ter esse conforto adicional. O festival, assim como em 2023, contou com diversas atrações espalhadas pelo local, além, é claro, das muitas bandas nacionais e internacionais.
Lojas de discos, estandes de tatuagem, uma versão reduzida da “Horror Expo”, áreas de alimentação e bares, espaço reservado para as chamadas “Signing Sessions” (seções de autógrafos) e pontos oficiais de comercialização de produtos do festival e camisetas das bandas.
A estrutura foi muito similar àquela montada no ano passado, mostrando que a fórmula de sucesso de 2023 foi mantida, no mesmo padrão de qualidade. Apesar de algumas reclamações de filas para o acesso à arena e do calor excessivo, o primeiro dia correu bem e o público pôde se divertir ao som de grandes nomes da música.
Protetores solares e bonés eram itens quase que obrigatórios e o festival ofereceu ponto gratuito de água filtrada, permitindo a entrada com garrafas para abastecimento ao longo do dia. Disposição e energia para circular no grande espaço reservado ao evento também eram indispensáveis.
A equipe de reportagem da rádio acompanhou como foi o primeiro dia do Summer Breeze Brasil com diversas publicações simultâneas aos shows, na conta oficial do Instagram, e, apesar de ser impossível assistir a todos os shows do dia, conta nas linhas abaixo um pouco de como tudo aconteceu e como foram algumas das apresentações da sexta-feira.
SHOWS – Primeiro dia
A programação diária do festival contava com cerca de vinte bandas, com os horários distribuídos nos quatro palcos do local, sendo alguns shows conflitantes, acontecendo ao mesmo tempo.
Ainda que dia útil de trabalho, a sexta-feira começou com bom movimento no Memorial da América Latina, já no horário de abertura dos portões. Boa parte do público que compareceu cedo queria ver o Nestor, banda de nome curioso para os brasileiros e que vem da Suécia, responsável por executar um Hard Rock com pegada oitentista de muita qualidade.
Pontualmente 11hs os suecos entraram em cena e apesar de sofrerem nos primeiros minutos com a má condição do som, logo tudo foi ajustado e foi possível ouvir perfeitamente as canções tocadas pela banda, extraídas do até então único álbum lançado: “Kids in a Ghost Town” (2022).
Com uma história incomum, o Nestor foi formado em 1989, ano que inclusive dá título a uma das músicas da banda, e se desfez em 1995, sem lançar discos. O próprio vocalista Tobias falou sobre esse fato na apresentação, lembrando que os integrantes da banda, após o desmanche, foram fazer outras atividades, até o retorno em 2021.
Em quase uma hora, o Nestor fez os fãs cantarem “These Days”, “Firesign”, “Kids in a Ghost Town”, além do novo single “Victorious”, tocado pela primeira vez ao vivo (esse será também o nome do vindouro disco, previsto para maio). O público ainda teve a oportunidade de ver uma versão para “I Wanna Dance With Somebody” (Whitney Houston), antes que a banda deixasse o palco.
Uma ótima escolha para abertura do festival e que deixou felizes os fãs desse nome do Hard Rock sueco que tanto sucesso vem fazendo na cena.
Dada a largada no Summer Breeze Brasil, daí em diante a correria tomou conta daqueles que queriam acompanhar a maior quantidade possível de shows. Cultura Tres, banda que conta com o baixista Paulo Jr. (Sepultura) na formação, apresentou-se concomitantemente ao Nestor no palco “Sun Stage”.
Deste mesmo lado da passarela, os cariocas do Clash Bulldog’s tocavam no palco “Waves Stage”, enquanto outra atração internacional atraía parte do público para um dos palcos principais. A banda americana Flotsam And Jetsam era muito aguardada pelos fãs, por se tratar da primeira vez em solo brasileiro. O grupo que contou com Jason Newsted (ex-Metallica) na sua formação original, foi a primeira atração de Thrash Metal do festival, apresentando repertório variado no espaço de tempo que lhe foi reservado (uma hora). Clássicos como “I Live You Die” e “No Place for Disgrace” fecharam o set list e puderam ser acompanhados pela equipe da rádio, que logo seguiu novamente para o outro lado do Memorial da América Latina.
O objetivo era acompanhar o show do Dr. Sin, velho conhecido dos festivais brasileiros e que não poderia ficar de fora de mais essa edição do Summer Breeze Brasil. Praticamente nesse mesmo horário Edu Falaschi (ex-Angra) e Alchemia também faziam seus shows em diferentes palcos.
O Dr. Sin, já sob um forte calor, fez tudo ainda ficar mais quente com canções como “Fire”, cujo título sugestivo para o dia quente fez o próprio baixista e vocalista Andria Busic brincar com esse fato. Atualmente contando com Thiago Melo na guitarra, além de Ivan, irmão de Andria, na bateria, o Dr. Sin é bastante respeitado no cenário musical e certamente pode ser considerado um dos maiores nomes do Hard Rock tupiniquim.
Especialmente os três primeiros discos lançados pelo Dr. Sin são referências no estilo e algumas dessas composições fizeram a alegria de quem atravessou a passarela para vê-lo. O hit “Emotional Catastrophe”, “Isolated” e “Sometimes”, para citar uma de cada um dos três álbuns da década de 90, foram algumas que não faltaram na apresentação e o trio ainda aproveitou para gravar imagens para um futuro clipe, de uma canção nova chamada “Only The Strong Survive”.
Quem optou por ficar pelo palco “Sun Stage” teve uma grata surpresa com a apresentação da banda britânica Tygers Of Pan Tang. Outra opção era o show do Black Stone Cherry em um dos palcos principais (veja fotos na galeria).
Para os fãs mais fervorosos dos “tigres”, essa segunda visita ao Brasil certamente já gerava a expectativa de ouvir os sucessos lançados pela banda nesses mais de quarenta anos de carreira, mas para quem apenas ficou por lá e acompanhou o som, a surpresa foi daquelas bem interessantes. Um dos melhores shows do dia.
Mesclando composições dos discos dos primórdios do grupo, como a clássica “Hellbound”, “Love Don’t Stay” e “Suzie Smiled”, com outras lançadas nos últimos anos, o Tygers Of Pan Tang agitou o festival. Da safra mais recente de canções, o destaque fica por conta da veloz, embora com uma introdução lenta, “Keeping Me Alive”, e da igualmente rápida e pesada “Fire On The Horizon”, do disco “Bloodlines” (2023).
Embora não tenha alcançado o mesmo sucesso das bandas contemporâneas do chamado New Wave Of Britsh Heavy Metal (“Nova Onda Do Heavy Metal Britânico”), como Iron Maiden, Def Leppard e Saxon, o Tygers Of Pan Tang mostrou porque é um nome relevante e importante para a história do Heavy Metal nesses sessenta minutos de apresentação no festival, mesmo contando com apenas um integrante original, o guitarrista Robb Weir.
As atrações ao longo da sexta-feira eram tantas que ficava até difícil escolher dentre as opções da grade de shows. Aqueles fãs das bandas chamadas clássicas estavam a apenas uma passarela de distância de outro nome importante do Metal, o Exodus. Mais um caso de banda pioneira no estilo de música que pratica, o Thrash Metal, mas que não alcançou o mesmo sucesso de outros nomes vindos também dos Estados Unidos.
O vocalista Steve “Zetro” Souza, que saiu e retornou à banda mais de uma vez, fez questão de destacar a importância da base de fãs do Exodus do Brasil, citando nominalmente pessoas e lembrando inclusive da Funeral Blood (banda tributo brasileira). No repertório não faltaram os sucessos “Blacklist”, “Bonded by Blood”, que dá nome ao primeiro disco, e “Strike of the Beast”.
Entre o final do show do Exodus e início do Sebastian Bach (ex-Skid Row), o Massacration divertiu os presentes com sua paródia Heavy Metal. No palco “Waves”, mais ao fundo, diversas bandas se revezaram por lá, além da já citada Clash Buldog’s: Alchemia, Electric Mob, Zumbis do Espaço, Minipony e Sioux 66.
Em meio a rumores de que poderia voltar ao Skid Row, especialmente diante da recente saída do vocalista sueco Erik Grönwall, às 17:10h Sebastian Bach subiu a um dos palcos principais, o “Hot Stage”, mostrando uma incrível disposição e energia.
Acompanhado de Brent Woods (guitarra), Clay Eubank (baixo) e Andy Sanesi (bateria), Bach se esforçou ao máximo para cantar as canções que outrora o levaram ao sucesso mundial ao lado de sua ex-banda. Foram onze composições do Skid Row dentre as dezesseis que formaram o set list. “Youth Gone Wild”, “I Remember You” “18 and Life” e a pesada “Slave to the Grind” levaram a plateia a cantar junto com Bach.
Sempre agitado e visivelmente feliz em mais uma vez se apresentar no Brasil, aos gritos de “Tião”, apelido que ganhou dos brasileiros e que sempre adota quando está no país, o vocalista não decepcionou. Pelo contrário, se seus ex-parceiros de banda, que em 2023 tocaram Summer Breeze Brasil, estivessem na plateia, certamente teriam gostado da performance e talvez isso os levasse a superar as diferenças do passado e reintegrar Bach ao Skid Row.
Dispensável mesmo só o cover de “Tom Sawyer” (Rush) que ficou meio desencaixada no repertório e poderia ser facilmente substituída por alguma composição da carreira solo de Sebastian.
Às 18:30h, era hora de escolher entre Mr. Big e The 69 Eyes. Na galeria de fotos você encontra imagens de ambas as apresentações, mas a equipe de reportagem da Kiss FM se concentrou em ficar na área dos palcos principais, para acompanhar o show dos talentosos americanos do Mr. Big.
Eric Martin fez (e ainda faz) história na música ao lado dos cofundadores da banda, os extremamente técnicos e “foras de série” Billy Sheehan (baixo) e Paul Gilbert (guitarra). Para a atual turnê de despedida, intitulada “The Big Finish”, o baterista que os acompanha é Nick D’Virgilio.
O Summer Breeze Brasil acabou por ser o evento escolhido para a banda se despedir em São Paulo, tendo uma data adicional no Rio de Janeiro. Escalado para um show praticamente completo, de noventa minutos, o Mr. Big encaminhou muito bem o início da noite no Memorial da América Latina.
Foram muitos os momentos de “cantar junto” com a banda. Seja durante a rápida “Daddy, Brother, Lover, Little Boy (The Electric Drill Song)”, a música da furadeira elétrica, ou na balada “Just Take My Heart” e na mundialmente famosa “To Be With You”, a plateia teve oportunidade de soltar a voz.
Eric, ainda que pareça um menino no palco (sua aparência realmente não releva seus 63 anos!), mostra que os anos chegam para todos, mas ainda aguenta firme e se adapta a cada música, esforçando-se para fazer seu melhor.
Ao final, ainda houve espaço para a “groovada” e acelerada “Colorado Bulldog”, “Shy Boy”, canção do Talas, antiga banda de Billy Sheehan, e “Baba O’Riley” (The Who). Billy foi ao microfone para lembrar da primeira vinda do Mr. Big ao Brasil. Lembrou que era na praia, mas se esqueceu do nome da cidade de Santos, sendo lembrado pelos gritos dos fãs e deste redator que vos escreve (a banda se apresentou em 1994, em Santos, em um festival que também levava a palavra “Summer” no nome, o “M2000 Summer Concerts”).
Passava das 20hs e a decisão para os fãs era entre Gene Simmons (ex-Kiss) ou pela mistura de Hardcore com Metal produzida pelos americanos do Biohazard (veja fotos na galeria).
O baixista conhecido mundialmente também pelo tamanho da sua língua e por suas incontáveis conquistas amorosas (segundo ele mesmo afirma), despertava muita curiosidade do público, afinal na era pós-Kiss Gene já se rendeu rapidamente aos palcos novamente e formou sua GSB – Gene Simmons Band.
Ao lado de Brent Woods (que já havia tocado antes com Sebastian Bach) e Jason Walker nas guitarras, e do baterista Brian Tichy (Whitesnake, Foreigner, Billy Idol), o baixista linguarudo não surpreendeu no set list. Para quem esperava algo diferente do repertório do Kiss, principalmente focado em canções que ele predominantemente cantava na banda, ou algum “lado B”, o show foi “mais do mesmo”, só que agora com outros músicos e com uma pegada diferente.
É bem verdade que esse “mais do mesmo” é recheado de canções e clássicos que todos os presentes gostam e cantam a plenos pulmões, como “Detroit Rock City”, “Shout It Out Loud” e o hino “Rock and Roll All Nite”, essas da fase mascarada do Kiss, além de “Lick It Up”, única do período sem máscara.
Surpreendente mesmo só o som pesado e alto produzido pela banda solo de Gene, de fazer o Memorial da América Latina tremer, além das muitas vezes que o baixista fez questão de ressaltar que estava tocando e cantando ao vivo, sem uso de “playbacks”, parecendo querer insinuar algo referente às performances do seu ex-grupo ou até para algum ex-companheiro de Kiss (leia-se, Paul Stanley).
Se não houve surpresas na escolha das canções dos seus anos como “The Demon”, Simmons e a banda interpretaram uma versão para “Ace of Spades” (Motörhead), cantada pelo baterista Brian, em homenagem ao falecido Lemmy Kilmister. Gene salientou a relevância de Lemmy para o Rock, lembrando que foi ao seu velório ao lado de outros nomes importantes da música (citou Dave Grohl, Ozzy e James Hetfield).
Claramente se divertindo no palco nessa nova fase da vida, em carreira solo, Gene usou as expressões “bunda linda” muitas vezes, arrancando risadas do público, fazendo inúmeras caretas e brincadeiras com os fãs, inclusive chamando cerca de dez mulheres para subir ao palco durante a execução de “Rock and Roll All Nite”, no melhor estilo Steel Panther (banda de sátira norte americana, que costuma convidar garotas para dançar no palco).
A sensação esquisita ficou só mesmo por conta de uma participação que pareceu não muito combinada ou sequer bem ensaiada da vocalista brasileira Miranda Kassin, em “I Was Made for Lovin’ You”. Segundos antes de ser chamada ao palco, um integrante da equipe de Simmons colou folhas com a letra da música no chão e Miranda foi acompanhando a banda no melhor estilo “karaokê”. Até o próprio Gene pareceu desconfortável com a situação, mas a música acabou se sobressaindo e o público cantou e dançou, quase como um suspiro final, depois de muitas horas de shows e calor.
Portões abertos para a saída dos presentes, chegava a hora do retorno para casa, em busca de um rápido descanso até o sábado pela manhã, quando os trabalhos de cobertura do festival foram retomados.
Agradecimentos à produção do evento e à Agência Taga pela atenção e credenciamento de toda a equipe da rádio.
Bandas – Sexta-Feira 26/04
Palco “Hot Stage”
Flotsam and Jetsam
Black Stone Cherry
Sebastian Bach
Gene Simmons Band
Palco “Ice Stage”
Nestor
Edu Falaschi
Exodus
Mr. Big
Palco “Sun Stage”
Cultura Tres
Dr. Sin
Tygers of Pan Tang
Massacration
The 69 Eyes
Biohazard
Palco “Waves Stage”
Clash Bulldog’s
Alchemia
Electric Mob
Zumbis do Espaço
Minipony
Sioux 66