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Sepultura – Turnê de despedida – Brazilian Tour 2024

06/09/2024
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Espaço Unimed, São Paulo
Por Otávio Juliano – Instagram @showsbyotavio

Fotos por Rogério Talarico – Instagram @rogeriotalarico

Certamente você já ouviu aquela afirmação de que “dois corpos não ocupam o mesmo lugar no espaço”. Pois bem. Leis da física à parte, na última sexta-feira o público que lotou o Espaço Unimed provou que isso talvez não seja uma verdade absoluta.

Foi a primeira das três noites com ingressos esgotados em São Paulo, para a turnê de despedida de um dos maiores nomes brasileiros da música no mundo. Sim, da música, e não só do Heavy Metal. O Sepultura, do Brasil!

 

Formado em 1984 na capital mineira Belo Horizonte pelos irmãos Cavalera, o Sepultura cravou seu nome no Metal nacional e “alçou voos” internacionais já desde cedo, destacando-se por um Thrash Metal de muita atitude, com influências de diversas sonoridades, resultando em composições autênticas e que viraram marca registrada da banda globalmente.

É inegável o tamanho e a importância da marca Sepultura. Ainda que o grupo tenha sofrido com algumas mudanças na formação, em especial com as saídas de Max e Iggor, além da mais recente, do baterista Eloy Casagrande, que deixou o Sepultura pouco antes do início da turnê de despedida, o legado da banda é gigantesco e difícil até de mensurar.

Dos anos 80, com discos como “Morbid Visions” (1986), quando a banda começava a ganhar respeito para além da cena underground, vindo a se mudar para São Paulo, passando pelos clássicos “Beneath the Remains” (1989) e “Arise” (1991), além dos inovadores “Chaos A.D.” (1993) e “Roots” (1996), até culminar na fase iniciada com a entrada do vocalista Derrick Green, resultando em diversos álbuns de estúdio com o mais recente sendo o “Quadra” (2020), lá se vão 40 anos representando com maestria o nome do Brasil mundo afora.

 

Na sexta-feira, quando o relógio marcava 21:20h, tudo isso veio à tona, com a aparição do logo criado para celebração dessas quatro décadas de existência do Sepultura, com o número 40 ao centro e os nomes de todos os discos da banda em volta.

Era a chegada a hora da despedida para os fãs presentes. Um momento de catarse coletiva memorável. A trinca de faixas do citado álbum “Chaos A.D.” deu tom do início do show, com rodas se abrindo na pista lotada já nos primeiros segundos de “Refuse/Resist”. Os espaços se ocupavam da maneira que era possível, com uma agitação geral.

Não era para menos. O cenário perfeito estava montado: fãs ansiosos pela apresentação e para se despedir da banda, músicos com uma energia e alegria evidentes, um repertório para celebrar toda a carreira do Sepultura e um palco com iluminação e telões de extrema qualidade.

As imagens e os efeitos visuais ao fundo se alternavam a todo momento, tornando a noite ainda mais especial, como em “Attitude”, com indígenas, na intensa “Kairos”, com caveiras e esqueletos e na clássica “Biotech is Godzilla”, que trouxe um olho de réptil dourado em meio a luzes vermelhas. Só mesmo estando presente ou vendo vídeos para entender o apelo visual dessa histórica apresentação.

 

A plateia somente conseguiu respirar um pouco na parte central do repertório, quando foram executadas faixas dos discos de 1998 em diante, mas bastou Andreas iniciar as palhetadas aceleradas de “Escape to the Void”, de 1987, para as rodas novamente se abrirem com mais intensidade.

A instrumental “Kaiowas” ainda trouxe um pouco de calmaria e diversos convidados para fazer a percussão no palco, mas daí em diante foi sucesso seguido de sucesso e foi impossível (ou muito difícil) ficar parado na pista.

Um misto de emoção e saudosismo tomou conta do local e canções como “Inner Self” e “Arise” remeteram os fãs para final da década de 80, quando o Sepultura definitivamente “ganhava o mundo”.

 

Para encerrar as duas horas de apresentação a banda trouxe para o bis “Ratamahatta” e o petardo “Roots Bloody Roots”, uma das mais esperadas e festejadas da noite, geralmente deixada mesmo para o gran finale.

Como se diz no esporte, o Sepultura encerra as atividades em plena forma e em alto nível. Derrick faz seu papel desde 1997 com muita habilidade e carisma; Andreas é um guitarrista referência no país e desfruta do seu auge musical, com maturidade e liderança; Paulo, ainda que mais discreto no palco, é parte essencial e indissociável da “cozinha” da banda; e o novato Greyson, que chegou de última hora para a difícil missão de assumir as baquetas do Sepultura, prova ter competência e capacidade para tanto.

 

Felizes daqueles que estiveram (ou ainda estarão) em algum dos shows da “Celebrating Life Through Death Tour” para, como o próprio sugestivo nome da turnê diz: celebrar a vida do Sepultura por meio de sua agora anunciada “morte”.

 

Muito obrigado por tudo Sepultura. Não existe forma melhor de encerrar esse texto.

 

Agradecimentos à Trovoa Comunicação e à produtora 30e pela atenção e credenciamento da equipe da rádio.

 

Banda:

Derrick Green (vocal)

Andreas Kisser (guitarra)

Paulo Jr (baixo)

Greyson Nekrutman (bateria)

 

Set List:

Refuse/Resist

Territory

Propaganda

Phantom Self

Dusted

Attitude

Spit

Kairos

Means to an End

Convicted in Life

Guardians of Earth

Mind War

False

Choke

Escape to the Void

Kaiowas

Dead Embryonic Cells

Biotech is Godzilla

Agony of Defeat

Orgasmatron (Motörhead)

Troops of Doom

Inner Self

Arise

 

Bis

Ratamahatta

Roots Bloody Roots

Fonte: Redação Kiss FM

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