Monsters of Rock – Allianz Parque, São Paulo

19/04/2025
|
Allianz Parque
Por Otávio Augusto Juliano – Instagram @showsbyotavio

Fotos por Rogério Talarico @rogeriotalarico

Em 2024 o festival Monsters of Rock completou 30 anos de sua estreia no Brasil, quando foi anunciada a sua oitava edição, justamente para comemorar essas três décadas desde a primeira vez por aqui, em 1994.

Novamente o estádio Allianz Parque foi o local escolhido para ser o palco de mais uma edição do Monsters of Rock – em 2023 já havia ocorrido por lá. Para essa edição de celebração, atrações especiais foram escolhidas. Ao todo, sete bandas, todas internacionais, quatro delas em sua segunda passagem pelo Monsters of Rock.

Scorpions se apresentou no festival organizado em 2023, enquanto Queensrÿche, com a formação comandada à época por Geoff Tate, tocou em 2016 e o Judas Priest nos dois dias da edição de 2015, na Arena Anhembi. O quarto integrante que voltou ao line up do Monsters of Rock foi o Savatage, um dos retornos mais esperados, afinal a banda não se apresentava ao vivo desde 2015. Completaram o “time de estrelas” as bandas estreantes Europe, Opeth e Stratovarius.

Embora os ingressos não tenham se esgotado de forma antecipada, o público compareceu em peso ao evento, na expectativa de rever alguns dos principais nomes do Heavy Metal e do Hard Rock e os primeiros shows foram agendados a partir das 11:30h, começando com os finlandeses do Stratovarius, seguidos pelos suecos do Opeth.

Junto a milhares de fãs, que trajavam camisetas das diversas atrações do festival, mas também de tradicionais nomes como Iron Maiden e Black Sabbath, duas bandas que já passaram pelo Monsters of Rock em sua versão brasileira, a equipe da Kiss FM foi conferir o que rolou no Allianz Parque no último sábado.

Atrações do período da tarde – Queensrÿche, Savatage e Europe

Fruto de um acordo celebrado em 2014, Michael Wilton (guitarra) e Eddie Jackson (baixista) seguem desde então com o nome Queensrÿche, sendo os únicos remanescentes da formação original, atualmente ao lado de Todd La Torre (vocalista), Mike Stone (guitarrista) e Casey Grillo (bateria).

Apesar de se tratar da segunda participação da banda no Monsters of Rock, como afirmado acima, foi a primeira vez no festival com os citados integrantes, já que em 2013 Geoff Tate trouxe ao país sua versão nada empolgante do Queensrÿche, com um show morno na ocasião.

Dessa vez, tudo foi diferente, apesar da sentida ausência de hits como “Jet City Woman” (que faz parte do repertório da banda) e “Silent Lucidity” que, embora não seja executada ao vivo no repertório recente do Queensrÿche, sempre gera uma expectativa na plateia brasileira, por se tratar de uma balada muito apreciada e exaltada especialmente por aqui (lançada em 1990, no disco “Empire”, fez muito sucesso, levando inclusive o grupo norte-americano ao Rock in Rio II).

Novidade para os fãs brasileiros, La Torre mostrou-se uma escolha mais do que certeira para assumir o vocal do Queensrÿche. O vocalista impressiona por sua capacidade de alcançar as notas mais altas de canções como “Empire” e “Take Hold of the Flame”, em uma apresentação muito competente e agradável de se assistir.

Em seguida, conforme previamente anunciado, pode-se dizer que a expectativa da volta do Savatage ao vivo era esperada não somente entre os fãs presentes no Allianz Parque, mas também mundo afora.

O primeiro show em uma década do Savatage (a última aparição se deu no Wacken Open Air de 2015) era muito esperado e foi difícil para o público segurar a emoção. Contando com Zak Stevens no vocal, com os guitarristas Al Pitrelli e Chris Caffery, o baixista Johnny Lee Middleton e o baterista Jeff Plate, além dos tecladistas Paulo Cuevas e Shawn McNair, a banda tocou por cerca de uma hora.

Sem Jon Oliva, fundador do Savatage, que não pôde se juntar à banda por problemas de saúde, a homenagem a ele ficou por conta de um trecho dele ao piano no telão central do palco, durante a introdução da faixa “Believe”. Seu falecido irmão e co-fundador da banda, Criss Oliva, também teve destaque em vídeo, durante o solo.

As clássicas “Edge of Thorns” e “Hall of the Mountain King” não ficaram de fora do repertório, como era de esperar nesse retorno aos palcos, assim como “Sirens”, que dá nome ao primeiro disco do Savatage. Curiosamente, a chuva começou justamente quando a banda começava a executar “Handful of Rain” e Zak Stevens fez questão de salientar que era um momento bastante propício para isso acontecer devido ao nome da canção (“Rain” é chuva em inglês).

Felizes dos brasileiros que foram escolhidos para esse retorno do Savatage ao vivo e parabéns à organização do Monsters of Rock por conseguir tamanho feito. Nem uma fã que invadiu o palco durante o solo de “Edge of Thorns” e enquanto Zak jogava bolas de futebol para a plateia, estragou a beleza do show.

Encerrada a apresentação da banda, era a vez do Europe, vindo diretamente da Suécia. A garoa, que havia dado uma trégua, voltou mais forte enquanto os suecos se apresentavam para um agitado público.

Começando a escurecer, as luzes do palco foram melhores aproveitadas no show do Europe, que visualmente se tornou mais interessante com esses efeitos de luz. O inquieto vocalista Joey Tempest andou por todo gigante palco do Allianz Parque, desfilando elegância e simpatia para a plateia.

Com também uma hora de tempo de show e sem lançar álbum de estúdio desde 2017, o Europe focou nos seus maiores sucessos e empolgou a plateia como já no início com “Rock The Night”. Era “jogo ganho”. Daí para frente foram só aplausos para Joey e banda, com as canções “Carrie”, “Cherokee” e “Superstitious”, com o já manjado trecho de “No Woman, No Cry” (Bob Marley & The Wailers).

O clássico definitivo “The Final Countdown” encerrou o show. Era hora dos fãs se abraçarem, soltarem a voz e comemorarem o momento de presenciar mais uma edição do Monsters of Rock, ao som de uma das composições mais icônicas e conhecidas do Hard Rock, que certamente catapultou o Europe ao sucesso absoluto e o reconhecimento mundial. Um momento inesquecível e marcante do festival.

Judas Priest e Scorpions

Depois de se apresentar em 2015, nos dois dias de Monsters of Rock, o Judas Priest retornou para mais uma apresentação impecável. Falar dos “Metal Gods” é muito fácil, afinal, como o próprio Rob Halford bem lembrou, a banda está no mercado há mais de 50 anos fazendo Heavy Metal de qualidade.

Basta ouvir seu disco mais recente, “Invincible Shield” (2024), para se dar conta de que o Judas Priest segue em altíssimo nível, com a criatividade aflorada para compor hits como “Panic Attack”, canção recente que abriu a apresentação de sábado, e a faixa-título do álbum, outra excelente escolha para tocar em shows da banda.

Uma parte importante do repertório veio exatamente dos clássicos álbuns “British Steel” (1980) e “Screaming for Vengeance” (1982), já logo no começo do show, para mostrar logo que o Judas Priest não tinha vindo ao Allianz Parque “a passeio”.

A banda agitou o público por mais de noventa minutos, inclusive com o show iniciando antes mesmo do horário anunciado, o que pegou muitos de surpresa (estava anunciado o horário das 19:10h, mas a banda subiu ao palco 18:55h).

Contando com o guitarrista de Andy Sneap desde 2018, quando Glenn Tipton se afastou das turnês em razão de sua batalha contra a doença de Parkinson, o Judas Priest se mantém firme na estrada para a alegria dos fãs de Heavy Metal.

“Breaking The Law”, “You’ve Got Another Thing Comin’”, “Electric Eye” e “Living After Midnight”, as quatro extraídas dos dois discos citados acima são alguns exemplos de composições atemporais de Metal. “Painkiller”, de 1990, foi outra que levou o público à loucura e fez as rodas se abrirem na pista, sem contar que em “Victim of Changes” o guitarrista Glenn Tipton ganhou uma homenagem em vídeo no telão.

Se a noite já estava perfeita com um show do Judas Priest, a plateia ainda precisava guardar energia para assistir ao show do Scorpions, banda alemã sexagenária e igualmente uma lenda da música e do Heavy Metal.

Trazendo uma enorme estrutura de palco, o Scorpions promoveu uma verdadeira festa para os fãs de Rock, passando por sucessos de diversas fases da carreira. Ainda que seja impossível abranger composições de tantos discos lançados ao longo dessas seis décadas de banda, não ficaram de fora “Loving You Sunday Morning” e a instrumental “Coast to Coast”, do disco “Lovedrive”, de 1976, e os sucessos de “Love at First Sting”, de 1984, que teve cinco canções executadas, incluindo a balada “Still Loving You”, tocada debaixo de forte chuva e milhares de celulares acesos iluminando o estádio.

Nem a quantidade grande de água que caía a essa altura intimidou a banda, que percorreu o palco e foi à passarela central para ficar mais próxima do seu público – Rudolf e Matthias foram à frente diversas vezes, assim como o baixista Paweł Mąciwoda e o vocalista Klaus Meine.

O baterista Mikkey Dee (ex-Motörhead), conhecido por seu enorme talento, deu um show à parte em seu solo, quando o telão trouxe uma daquelas máquinas de Casino estilo Jackpot, em uma divertida interação entre o músico e o jogo de caça-níqueis.

Para o final, no bis com “Blackout” e “Rock You Like a Hurricane”, o palco foi tomado por um gigante escorpião ao fundo, causando reação imediata dos fãs. Vale a pena conferir vídeos na Internet para ver exatamente como o palco foi montado para esse final, nem que seja apenas para relembrar esse momento histórico de celebração dos 30 anos do Monsters of Rock.

Agradecimentos à Mercury Concerts e Catto Comunicação (Denise e Simone) pela atenção e credenciamento da equipe da rádio.

Abaixo os setlists do Judas Priest e Scorpions – os demais você pode conferir em setlist.fm.

Setlist Judas Priest

Panic Attack

You’ve Got Another Thing Comin’

Rapid Fire

Breaking the Law

Riding on the Wind

Love Bites

Devil’s Child

Crown of Horns

Sinner

Turbo Lover

Invincible Shield

Victim of Changes

The Green Manalishi (With the Two Prong Crown) (Fleetwood Mac)

Painkiller

Bis

Electric Eye

Hell Bent for Leather

Living After Midnight

Setlist Scorpions

Coming Home

Gas in the Tank

Make It Real

The Zoo

Coast to Coast

Top of the Bill / Steamrock Fever / Speedy’s Coming / Catch Your Train (medley)

Bad Boys Running Wild

Send Me an Angel

Wind of Change

Loving You Sunday Morning

I’m Leaving You

Solos de baixo e de bateria

Tease Me Please Me

Big City Nights

Still Loving You

Bis

Blackout

Rock You Like a Hurricane

Fonte: Redação Kiss FM

Confira Aqui

Mais Resenhas

13/07/2024

|

Tokio Marine Hall, São Paulo

Em comemoração ao aniversário da Kiss FM e ao Dia Mundial do Rock celebrado no Brasil,...

22/06/2024

|

Auditório do Ibirapuera, São Paulo

Se a organização do festival Best Of Blues and Rock já havia inovado na edição de...

24/05/2024

|

Carioca Club, São Paulo

É bem verdade que a inconstante carreira da banda californiana The Calling é repleta de recomeços,...

Precisa de Ajuda?