Em reportagem para a rádio no último show do Megadeth no Brasil, em 2017, este redator que vos escreve concluiu o texto da seguinte forma: “certamente o Megadeth ainda tem vida longa e retornará ao Brasil muitas outras vezes, pois público para ouvir esse ícone do Thrash Metal mundial sempre haverá.”
De lá para cá foram quase sete anos de espera para esse retorno e muitos acontecimentos na carreira da banda. Mustaine enfrentou (e superou) um câncer de garganta e dois músicos deixaram o Megadeth: o baixista de longa data e cofundador, David Ellefson, deixou o grupo em 2021, em razão de um escândalo de cunho sexual, além do guitarrista brasileiro Kiko Loureiro, que saiu recentemente da banda para seguir outros projetos e se dedicar mais à família.
Nesse hiato houve ainda o anúncio do Megadeth como atração das edições de 2019 e 2022 do Rock In Rio, mas o diagnóstico de câncer e uma desistência por parte da própria banda acabaram por frustrar os planos dos fãs brasileiros nas duas vezes.
Finalmente, na última quinta-feira, Mustaine e cia retornaram ao país, para um show único em São Paulo. Como dito no início, sempre haverá público para esse ícone do Thrash Metal mundial e não foi diferente na capital paulista.
Casa cheia para ver e ouvir os clássicos da banda. E foram muitos. Com o álbum mais recente lançado em 2022, “The Sick, the Dying… and the Dead!”, o Megadeth optou por tocar apenas uma canção deste disco, focando nas suas principais músicas da carreira no set list.
Ainda que bastante similar ao repertório tocado na última passagem por aqui, os fãs puderam cantar e vibrar novamente ao som de “Hangar 18”, “Sweating Bullets”, “Trust” e “Skin O’ My Teeth”, umas das primeiras executadas durante a noite, com direito a reação ensurdecedora da plateia.
Luzes coloridas tomaram conta do Espaço Unimed ao longo da apresentação e isso fez o show ficar ainda mais bonito, com altíssima qualidade de som e impecável técnica por parte dos músicos. Naquele velho conhecido “padrão Megadeth” de se apresentar.
De poucas palavras, o Mustaine só foi ao microfone poucas vezes para se dirigir aos fãs, a primeira delas antes do clássico “Tornado of Souls”, quando agradeceu a presença de todos e perguntou se estavam se sentindo bem. A matadora canção resultou em uma roda de bate cabeça na parte central da pista premium, como ocorreu também em outros momentos.
O Megadeth tem uma relação de devoção por parte dos fãs e especialmente na América Latina isso sempre foi muito evidente, como já vê há muitos anos, principalmente nos shows da banda na Argentina. Músicas como “Symphony of Destruction” levaram até o público argentino a inserir um coro em meio aos riffs da canção, algo que já se tornou uma marca e que é também adotado pelos brasileiros.
Além da expectativa de ver o Megadeth, havia um atrativo adicional: ver pela primeira vez o guitarrista finlandês Teemu Mäntysaari, substituto de Kiko Loureiro. Com uma pegada metaleira, que já foi citada pelo próprio “chefe” Mustaine em entrevistas, Teemu demostrou talento, precisão e pareceu “estar em casa” ao lado de seus companheiros de banda, deixando aquela impressão de escolha certeira, inclusive com o total apoio de seu antecessor (Kiko indicou e treinou Teemu).
Com entrosamento e sinergia, o Megadeth continua a mostrar as razões que o elevam ao posto de um dos principais nome do Thrash Metal. Em noventa minutos cravados de apresentação, a banda fez valer toda a espera de quase sete anos.
A décima sexta visita do Megadeth ao Brasil se encerrou com “Peace Sells” e a presença do mascote Vic Rattlehead no palco, ficando para o bis, alguns minutos depois, o grande final com “Holy Wars… The Punishment Due”.
Agradecimentos a Denise e Simone (Catto Comunicação) e à Mercury Concerts pela atenção e credenciamento da equipe da rádio.
Banda:
Dave Mustaine – vocal, guitarra
James LoMenzo – baixo
Teemu Mäntysaari – guitarra
Dirk Verbeuren – bateria
Set List:
The Sick, the Dying… and the Dead!
Skin O’ My Teeth
Angry Again
Wake Up Dead
In My Darkest Hour
Countdown to Extinction
Sweating Bullets
Dystopia
Hangar 18
Trust
Tornado of Souls
A tout le monde
Devil’s Island
Symphony of Destruction
Peace Sells
Bis:
Holy Wars… The Punishment Due