Bangers Open Air – Dia 01

02/05/2025
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Memorial da América Latina
Texto por Otávio Augusto Juliano – Instagram @showsbyotavio

Fotos por Rogério Talarico @rogeriotalarico

3ª Edição e nova identidade

Uma verdadeira e legítima confraternização de fãs de Heavy Metal. Assim pode ser definido o final de semana do Bangers Open Air, em São Paulo.

 

Originalmente denominado Summer Breeze Brasil, com edições ocorridas em 2023 e 2024, em setembro o festival passou por uma mudança de nome, sendo então chamado de Bangers Open Air, nome que acabou “abraçado” pelo público.

 

Novamente programado para três dias, o sábado e o domingo foram contemplados com uma agenda cheia de shows, desde o final da manhã/início da tarde, ficando a sexta-feira batizada como um “warm-up” (“aquecimento”, em tradução livre).

 

Estrutura

Assim como nos anos anteriores, o Memorial da América Latina foi tomado por diversos atrativos, não se tratando de um festival somente com shows nacionais e internacionais.

 

Muito além disso, o Bangers Open Air é um evento completo, proporcionando experiência similar a dos festivais europeus, com opções de alimentação espalhadas pelo local, estandes de tatuagem e piercing, feira geek, o denominado “Metal Market”, com lojas de discos e produtos relacionados a música em geral, espaço para seções de autógrafos previamente divulgadas e pontos gratuitos para hidratação.

 

Para os ingressos com acesso ao chamado “Lounge”, bebidas e comidas eram oferecidas à vontade, sendo uma opção bastante interessante para quem tinha condição e o desejo de ter esse conforto adicional. Esse acesso diferenciado também permitia assistir aos shows da pista frontal, mais próxima ao palco, exclusiva para quem adquiriu esse tipo de ingresso, além de convidados e imprensa.

 

A feira “Horror Expo” também marcou presença no festival e os produtos oficiais do evento e das bandas da edição eram comercializados em um espaço exclusivo e fechado, próximo ao palco “Waves Stage”.

 

Durante o período da tarde o Sol chegava a “judiar” um pouco mais do público e dos artistas e bonés eram itens quase que obrigatórios. Ao anoitecer, as temperaturas em São Paulo vêm caindo e neste final de semana não foi diferente. Agasalhos eram bem-vindos, devido à sensação de frio, o que também servia para aliviar o calor sentido durante as horas anteriores.

 

Na conta oficial do Instagram da Kiss FM (@kissfm92.5) é possível encontrar fotos e vídeos publicados quase que concomitantemente aos shows, mas obviamente era impossível estar em todos os lugares ao mesmo e acompanhar as cinquenta apresentações, muitas vezes agendadas para horários simultâneos, em palcos diferentes, no sábado e no domingo.

 

Na sexta-feira, por se tratar de um “esquenta” para os dois dias que viriam a seguir, não ocorreram shows ao mesmo tempo e a equipe de reportagem da rádio conta nas linhas abaixo um pouco de que se viu (e ouviu) nesse primeiro dia de festival.

 

SHOWS

A programação inaugural do Bangers Open Air contou com shows apenas nos palcos principais – “Ice Stage” e “Hot Stage”, posicionados lado a lado, justamente para facilitar o acesso e possibilitar ao público assistir à apresentação de qualquer lugar, inclusive com o auxílio dos telões instalados nas laterais e ao centro.

 

Sendo um dia entre um feriado nacional (Dia do Trabalho) e um sábado, quem teve a possibilidade de chegar cedo ao local pôde acompanhar a banda alemã Kissin’ Dynamite, estreante no Brasil.

 

Às 15h10, sob forte Sol, os alemães subiram ao palco com um show muito enérgico e empolgante, ao som de Hard Rock calcado nos anos 80, a exemplo de como havia acontecido em 2024, com a também estreia dos suecos do Nestor por aqui.

 

A felicidade da banda em se apresentar para o público brasileiro estava “estampada” no rosto do vocalista Johannes (Hannes) Braun que, em português, saudou os “bangers” presentes. Os destaques ficaram por conta da acelerada “Back With a Bang”, que abriu o dia, além de “My Monster” e “Raise Your Glass”, todas do mais recente álbum de 2024.

 

Apesar de parecer uma banda nova para boa parte da plateia, o Kissin’ Dynamite foi formado em 2007, ainda como uma banda escolar. O sucesso veio a partir de 2018 com o lançamento de “Ecstasy” e, especialmente agora após essa empolgante apresentação, a banda deve ganhar mais atenção dos ouvintes brasileiros, podendo voltar futuramente ao país.

 

Uma banda que certamente desperta muita curiosidade no público que consome música pesada é o Dogma. Formada por mulheres, adota uma temática de fundo religiosa e instiga a imaginação dos fãs ao se apresentar com os rostos pintados e vestimentas de freiras.

 

Mas nem só de visual vive o Dogma. As canções são outro ponto alto do quinteto feminino, que se lançou ao mundo com a sugestiva “Father I Have Sinned”, uma das melhores canções da banda, ao lado de “Pleasure From Pain”, que começa em clima de missa, mas logo se mostra pesada e melódica.

 

Ainda que prejudicado pela regulagem do som, que não se mostrou adequada, o Dogma conseguiu agradar os fãs, com direito faixas intensas como “Bare to the Bones” e um até mesmo um cover de “Like A Prayer”, da Madonna.

 

Dez minutos depois das “Freiras do Metal” do Dogma deixarem o palco, era hora de dirigir os olhares para o “Ice Stage”, afinal o Armored Saint era a atração da vez. Expoente do início da década de 80, a lendária banda alcançou relativo sucesso, embora não tenha chegado definitivamente ao chamado “mainstream”.

 

Comandada pelo icônico vocalista John Bush, que também já integrou o Anthrax, o Armored Saint teve seu show afetado pela má qualidade do som, com o volume do microfone de Bush mais baixo que os instrumentos, o que provocou inclusive gritos do público, para sinalizar esse problema.

 

Ignorando tal contratempo, Bush não economizou na performance e foi até se juntar aos fãs na pista para cantar a clássica “Can U Deliver”, canção do disco “March of the Saint”, de 1984. “Reign of Fire”, “Long Before I Die” e “Raising Fear”, faixas dos três primeiros álbuns da banda, foram outros pontos altos da apresentação no final da tarde de sexta-feira.

 

Mesmo sem se apresentar ao vivo desde dezembro, o Armored Saint mostrou entrosamento, afinal são mais de 40 anos de carreira, ainda que com alguns intervalos, sendo o mais longo no início da década de 90, após o falecimento do guitarrista e cofundador Dave Prichard.

 

Sem tempo para descanso, o próximo show agendado era outra estreia no Brasil: finalmente a grupo dinamarquês Pretty Maids faria sua primeira apresentação ao vivo por aqui.

 

Era o desejo de muitos fãs de Heavy Metal e Hard Rock ver a banda tocando no país e o Bangers Open Air possibilitou essa vinda. Liderada por Ronnie Atkins (vocal) e Ken Hammer (guitarra), remanescentes da formação original, o Pretty Maids emocionou os fãs ao anoitecer no Memorial da América Latina, deixando o visual do palco ainda melhor, com o efeito das luzes coloridas.

 

Ronnie, que superou um câncer de pulmão, mostrou todo seu talento e foi incrível vê-lo em plena forma e capaz de cantar sucessos como a inconfundível “Future World”, “Love Games” e as baladas “Little Drops of Heaven” e “Please Don’t Leave Me”, esta dedicada ao seu próprio compositor, John Sykes (ex-Thin Lizzy e Whitesnake, falecido em dezembro de 2024).

 

Agora que a “dívida” de nunca ter se apresentado no Brasil foi paga, a esperança é que o Pretty Maids retorne o mais breve possível, como destacou Atkins ao final do show. É torcer para que isto realmente aconteça.

 

Faltavam ainda duas atrações. Doro, nossa Rainha do Metal, deu início à sua apresentação pouco depois das 19h, trazendo no repertório muitas canções de sua antiga banda, o Warlock, além de composições solo e sua tradicional versão para “Breaking The Law” (Judas Priest), com a introdução cantada de forma mais lenta, apenas com o brasileiro Bill Hudson na guitarra no início.

 

É cativante o sorriso de Doro Pesch e a cantora alemã de 60 anos esbanja simpatia durante todo o tempo no palco, com direito até a se enrolar na bandeira do Brasil. A vontade é de subir e abraçá-la ao ouvir clássicos como a acelerada “Earthshaker Rock”, “I Rule The Ruins”, que abriu o show, “Burning the Witches” e o hino máximo “All We Are”, composições do Warlock imortalizadas por ela quando fez parte do grupo.

 

O fechamento do dia foi com aquele que desafia o tempo com sua voz ainda intacta e preservada, mesmo já acima da casa dos 70 anos de idade. Glenn Hughes é uma verdadeira entidade do Rock e mostra que, com cuidados adequados e uma boa qualidade de vida, é possível ter fôlego para apresentações ao vivo mesmo após cinco décadas de estrada.

 

Tendo feito parte de diversas bandas e projetos, Hughes vem há alguns anos promovendo uma turnê focada nos discos que gravou ao lado do Deep Purple e para o festival ele trouxe ainda esse setlist especial, com canções como “Burn”, “Stormbringer” e “Sail Away”.

 

Foi um daqueles shows que mesclam Rock e Blues, para fechar os olhos e curtir a afinada e inigualável voz de Hughes, juntamente com o talentoso e entrosado trio que o acompanha: Søren Andersen (guitarra), Ash Sheehan (bateria) e Bob Fridzema (teclado).

 

“You Keep On Moving”, que antecedeu a agitada “Burn”, é um ótimo exemplo dessa experiência de presenciar o baixista e banda ao vivo. A própria vocalista Doro ficou na lateral do palco acompanhando seu amigo Glenn Hughes, pois não quis perder o privilégio de vê-lo ao vivo.

 

Hughes voltará ao Brasil em novembro para novas apresentações, com um repertório mais diversificado, tocando canções de seus outros trabalhos, não somente Deep Purple.

 

Finalizado o “Warm-up” do Bangers Open Air, era hora de descansar e se recuperar para mais dois dias intensos de festival, cuja cobertura e galeria de fotos você também acessar neste site da Kiss FM.

 

Agradecimentos à produção do evento e à Agência Taga pela atenção e credenciamento de toda a equipe da rádio.

 

Bandas – Sexta-Feira 02/05

Palco “Ice Stage”

15h10: Kissin’ Dynamite

17h10: Armored Saint

19h25: Doro

 

Palco “Hot Stage”

16h10: Dogma

18h15: Pretty Maids

20h35: Glenn Hughes

Fonte: Redação Kiss FM

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