É ótimo quando um show te surpreende positivamente, ainda mais quando a expectativa já era alta e ainda assim é superada. Foi isso que ocorreu no último sábado, no Allianz Parque, na apresentação do músico americano Lenny Kravitz.
Conhecido por inúmeros hits que mesclam diversos gêneros como Rock, Pop, R&B e Soul, é sempre esperado um show de grandes proporções quando se trata de um artista renomado e mundialmente famoso como Lenny. E foi isso mesmo que aconteceu: uma experiência visual e musical interessante e emocionante para quem esteve presente no estádio.
A conexão de Kravitz com o Brasil ultrapassa a simples relação “fã-ídolo”. O multi-instrumentista gostou tanto de sua primeira visita ao país que acabou se tornando proprietário de uma fazenda no Rio de Janeiro em 2007, como bem lembrou o próprio Lenny no sábado, misturando inglês com português: “I became a fazendeiro” (“Eu me tornei um fazendeiro”), o músico falou para a plateia, antes de “I Belong to You”.
Na turnê atual “Blue Electric Light Tour”, que leva o nome do recente disco lançado em 2024, Lenny explora luzes coloridas que simulam muitas vezes raios laser e apresenta uma estrutura de palco muito grande, como telões que tornam a experiência do show mais incrível ainda.
A execução da canção “TK421”, do álbum mais novo, é um exemplo disso. Diversas televisões foram estampadas ao fundo para essa música dançante, com direito a saxofone e um solo de baixo de Kravitz ao final.
Ainda que promovendo o recente trabalho de estúdio – “Blue Electric Light” foi lançado em maio, Lenny não deixou de lado seus muitos sucessos e apresentou os principais deles para a plateia, que ansiava por ouvi-los.
“Stillness of Heart”, “Fly Away”, “Again”, “Are You Gonna Go My Way?” e “It Ain’t Over ‘Til It’s Over” fizeram os fãs soltarem a voz e o estádio se tornou uma enorme pista de dança. Além dessas citadas, a versão imortalizada na voz de Lenny de “American Woman” (originalmente gravada pela banda The Guess Who), iluminou de luzes vermelhas e verdes o palco, sendo outro ponto alto da noite.
Aos 60 anos, Kravitz parece ter energia e vitalidade de garoto de 20. Kravitz agradeceu o público muitas vezes, destacando que os fãs estavam o ajudando a “amplificar o amor” naquela noite, andando por todos os lados do palco e até mesmo fora dele, ao descer para caminhar em meio ao público, escoltado por sua equipe e seguranças.
Perfeccionista e em plena forma, Lenny canta com maestria as canções, precisamente afinado e com uma tamanha qualidade vocal ao vivo, que chega a impressionar. Um espetáculo visual e musical, valendo salientar o entrosamento (e igual qualidade musical) da banda que o apoia, formada por oito integrantes.
Ainda que o Allianz Parque não tenha enchido, afinal ingressos estavam disponíveis até o dia do show e a pista realmente estava bastante confortável para circulação, comparada a dias de lotação máxima, quem compareceu a essa celebração de boa música e Rock N´ Roll certamente não se arrependeu.
Um dos grandes shows de 2024 no Brasil e um dos favoritos para este redator que vos escreve.
Abertura
A brasileira Liniker e a britânica Lianne La Havas abriram o sábado, antes de Frejat, que ficou com a responsabilidade de anteceder a atração principal do dia. A equipe da rádio conseguiu acompanhar por completo apenas o show do ex-Barão Vermelho e principal parceiro de Cazuza em composições que marcam a história do Rock nacional.
Não precisou de muito tempo para se entender que Frejat foi uma escolha certeira para esse ato de abertura. Bastaram os primeiros segundos de “Puro Êxtase” (Barão Vermelho), a primeira canção do repertório, para o público já se empolgar e começar a cantar e dançar ao som de sucessos como esse.
O guitarrista “passeou” por composições da sua antiga banda, como “Por Você”, “Bete Balanço” e “Maior Abandonado”, homenageando ainda outros artistas, como Raul Seixas (“Tente outra vez”), Cássia Eller (“Malandragem”, composta por Frejat) e, é claro, Cazuza (“Exagerado” e “Ideologia”). Seu filho, Rafel Frejat, participou da segunda metade da apresentação, juntando-se à banda no palco, formada por Mauricio Almeida (guitarra), Bruno Migliari (baixo), Marcelinho da Costa (bateria) e Humberto Barros (teclado).
O ponto negativo da noite ficou por conta do final do show, quando “Pro Dia Nascer Feliz” (Barão Vermelho) era tocada. A produção do evento simplesmente desligou o som durante a execução da canção e a equipe técnica entrou no palco para expulsar Frejat e sua banda, em uma atitude extremamente rude e desrespeitosa, aparentemente por conta de um atraso de 2 a 3 minutos.
Com o fim repentino e com a plateia entendendo perfeitamente o que estava a ocorrer, aplausos e gritos pelo nome do músico foram ecoados por todo o estádio. O mais curioso é que o próprio show do Lenny Kravitz começou atrasado em seguida, e não apenas por 2 minutos, mas sim por 11.
Ainda que os cronogramas e os horários acordados em contrato devam ser cumpridos, pequenos atrasos poderiam ser contornados com bom senso e educação, todos os artistas merecem respeito e consideração.
Agradecimentos à 30e, Mercury Concerts e Trovoa Comunicação pela atenção e credenciamento.
Banda Lenny Kravitz:
Lenny Kravitz (voz, guitarra e baixo)
Craig Ross (guitarra)
Honoch “The Wolf” Choi (baixo e teclados)
Jas Kayser (bateria)
George Laks (teclado)
“Big Daddy” Harold Todd e Michael Sherman (saxofone)
Cameron Johnson (trompete)
Amiri Taylor (vocais de apoio e violão)
Rahiem Taylor (vocais de apoio)
Set list:
Bring It On
Minister of Rock ‘n Roll
TK421
I’m a Believer
I Belong to You
Stillness of Heart
Believe
Human
Low
Paralyzed
The Chamber
Fear
It Ain’t Over ‘Til It’s Over
Again
Always on the Run
American Woman (The Guess Who)
Fly Away
Are You Gonna Go My Way?
Bis:
Let Love Rule