A crise na banda Dogma se aprofunda e ganha novos capítulos. Após a revelação das identidades e o anúncio de substituição indevida, a guitarrista Amber Maldonado, conhecida como Lamia, trouxe a público novas e graves denúncias contra a gestão do grupo. Seu relato se soma ao de Patri Grief (Rusalka), que já havia denunciado maus-tratos, manipulação e abuso psicológico.

Em uma nota detalhada, Amber Maldonado expôs as condições de trabalho precárias e a manipulação que sofreu desde que entrou na banda.

O Alerta no Contrato

Amber relata que entrou na Dogma em 2022. No entanto, o primeiro sinal de alerta surgiu ao receber o contrato para o álbum de 2023. Segundo a guitarrista, o valor oferecido parecia baixo para o serviço prestado. Desconfiada, ela alterou uma cláusula que exigia permissão da equipe para que ela pudesse sair do projeto.

Inicialmente, Maldonado acreditava que as trocas constantes na formação ocorriam por “mudanças na vida” das outras integrantes e que elas mantinham uma boa relação com a gestão. “Olhando para trás, era tudo uma armadilha: manter uma boa aparência para segurar a única integrante restante enquanto focavam em substituir todo o resto”, refletiu.

Abuso Físico e Psicológico na Turnê

A situação, no entanto, escalou rapidamente durante as turnês. Amber denuncia um episódio de grave negligência: “Torci meu tornozelo no meio de um show no Uruguai. Enfaixei com fita adesiva para conseguir terminar a turnê.”

Mesmo machucada, ela relata que a gestão a obrigou a continuar usando salto alto. “Quando pedi para usar botas com um salto mais baixo para proteger meus joelhos, a equipe me disse que não, porque eu pareceria baixa demais ao lado de Rusalka”, revelou.

O tratamento piorou na turnê pelos EUA em 2024. De acordo com Amber, a equipe não priorizava a alimentação das artistas. “Acabei indo a pé até o Walmart para comprar, com meu próprio dinheiro, a comida necessária para a banda e para a equipe pelo mês seguinte.”

Além disso, ela acusa a gestão de usar táticas de manipulação para forçá-la a aceitar turnês e de obrigar as integrantes a seguir roteiros “escritos por IA” durante entrevistas.

Controle Total no Brasil

Amber Maldonado também detalhou táticas de controle usadas durante a passagem da banda pelo Brasil, em maio, para shows do Bangers Open Air e com Fabio Lione. Segundo a guitarrista, a equipe buscava manter as artistas em total dependência.

“No Brasil, não recebemos nenhum daysheet [programação diária]”, afirma. “A equipe proibiu especificamente a tour manager brasileira de nos enviar essas informações. Isso foi outra forma de nos controlar. Se não soubéssemos os horários da nossa programação, não teríamos independência alguma.”

Por fim, Amber explica por que esperou para falar: “Eu sabia que, se tudo isso começasse a vir à tona durante a turnê de verão, o gerenciamento descontaria a raiva na banda. Esperei até o momento certo. Esse momento é agora.”

A Resposta Vaga da Dogma

Em contraste com as graves denúncias, a banda Dogma publicou uma declaração vaga em 27 de outubro. O texto ignora completamente as acusações de abuso, manipulação e misoginia.

A nota afirma que “Dogma sempre foi e continuará sendo muito maior do que qualquer indivíduo” e que “a mudança faz parte do nosso crescimento”. A publicação foi acompanhada por uma foto com cinco silhuetas, indicando que a banda já definiu a nova formação, embora não tenha revelado as identidades das novas musicistas.

Por Lucas Falcão