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Disco de 1990 de Rita Lee & Roberto de Carvalho é relançado em edição especial

Foto: Divulgação

“Eu quero ser uma flor/ nos teus cabelos de fogo”. Os versos de “Perto do Fogo”, música de Rita Lee em parceria com Cazuza, abrem o disco batizado como “Rita Lee e Roberto de Carvalho”, de 1990. A canção, especial para o casal, foi escolhida como a música de trabalho do álbum e acabou sendo o nome não oficial do LP: os dois se referem a ele como “Perto do Fogo”.  No ano em que completa 25 anos, o disco é celebrado pela Universal Music em relançamento com arte e encartes originais e vinil branco marmorizado. 

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Cazuza fez a letra inspirado em Rita. E a entregou durante uma visita, como ela contou na época: “Ele só pensando em futuro, futuro… E, naquele papo, ele me pergunta: ‘Ritinha, quanto anos será que vou ter em 2020?’ Eu respondi: ‘Sou 10 anos mais velha que você, vou ter 72, 73.’ E ele: ‘Então vou ter 62, 63…’. Voltei para o hotel, fiz a música, liguei para ele (para mostrar). Tudo no mesmo dia! Uma loucura. Depois, ele me avisou que ia gravar ‘Perto do Fogo’. Foi a última música que ele gravou. E foi a primeira que a gente gravou no disco”. A gravação, linda, mistura uma certa melancolia com a autoharp de Rita dando um toque celestial.

“Coração em crise”, da dupla Lee & Carvalho, vem a seguir, um lado B roqueiraço, que se tornou uma das favoritas dos fãs. “Se eu fosse você tratava de ser feliz/ Troque esse bandido por uma bela cicatriz”, canta Rita. “Uma Noite em Hong Kong” é a próxima, parceria de Roberto com Tavinho Paes e Júlio Barroso, seguida de “É a Vida”, composição do casal, com vocais de Roberto e uma letra forte: “Amo quem me ama/ Não perdoo, não esqueço/ O preço da imortalidade é a vida”.

“Volta ao Mundo” é uma bossa nova que é a cara do casal, na qual Rita procura seu amor, como diz o título, ao redor do mundo. “Zanzei num bar/ Em Zanzibar/ Dormi ao léu/ Lua sem mel (…) Segui o sol, segui o mar/ Um bem-te-viu lá no Brasil/ E veio me contar”. Chamo atenção para os vocais cristalinos de Rita no disco, que passeiam pelo rock pesado até a bossa nova com maestria.

“Esfinge”, sobre o ser mitológico que tem corpo de leão e rosto humano, mostra a face esotérica de Rita & Roberto – na letra e em todo o clima da produção. “Tipo Inesquecível” é uma delícia. Rita, inclusive, fala dela em sua autobiografia: “Um fox romântico que ficaria perfeito na voz de Ney (Matogrosso)”. Roberto assume os vocais de “Farsa”, de autoria sua e de André Christovam, dando pistas de seu disco solo que seria lançado dois anos depois.

“La Miranda”, homenagem a Carmen Miranda, é a cara da dupla, com um jogo de palavras que só Rita conseguiria fazer. Curiosidade: a música seria gravada no álbum anterior da dupla, “Zona Zen”. Ficou de fora, Rita refez a letra, gravou e a canção acabou sendo escolhida como tema da novela “Lua Cheia de Amor” (1990/ 1991).

Uma tocante versão de “La Javanaise”, de Serge Gainsbourg, fecha o disco, produzido por Roberto e que se torna um marco na carreira do casal: a partir dele, Rita e Roberto dariam um tempo na parceria musical. Enquanto Roberto lançaria seu ótimo disco solo (que precisa ser redescoberto!), Rita faria seu show “Bossa’n’roll” (com sucesso estrondoso e com direito a um disco ao vivo) e gravaria um brilhante disco de estúdio em 1993. A parceria retornaria com tudo em 1995, coroada com o show “A Marca da Zorra”. E permanece para sempre. 

*Guilherme Samora é jornalista, editor e estudioso do legado cultural de Rita Lee

Fonte: Big Rock N’ Roll – Juliana Carpinelli

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