O Iron Maiden é realmente uma banda diferenciada em muitos aspectos. Ainda hoje vendem muitos discos, lotam grandes casas de shows, assim como possuem uma infraestrutura que poucos nomes na cena tem acesso. E não vamos nos esquecendo do mais importante, possuem uma base de fãs apaixonados que levam seu amor pela banda quase como uma religião.
O cantor Bruce Dickinson esteve presente em uma nova edição do podcast Rich Rol e, dessa forma, ponderou sobre aspectos importantes que talvez expliquem toda essa devoção e sucesso.
Em algum momento, o Iron Maiden pode ter te decepcionado em algum disco ou por conta de qualquer outro aspecto. Mas jamais podemos afirmar que o grupo seguiu tendências de mercado ou se arriscou musicalmente tentando fazer algo imposto por pressões externas.
Mesmo na atual fase, onde muitos fãs mais antigos reclamam da sonoridade mais progressiva, precisamos ser justos. E nesse caso, justiça é assumir que esta é uma escolha 100% pessoal dos músicos. Acima de tudo, não há uma tentativa de se enquadrar em qualquer tipo de modismo.
Sobre este ethos de independência e integridade, Bruce disse o seguinte:
“Somos outsiders em termos da indústria musical em muitos sentidos. Existem bandas e bandas, digo, bandas de todos os tipos, e elas são apenas bandas. Quer dizer, você pode gostar delas, pode não gostar delas, elas podem ser bem-sucedidas ou não. Mas o Maiden é de alguma forma mais do que isso. O Maiden faz parte da existência central de um grande número de pessoas, um número improvável de pessoas de todos os tipos de estilos de vida e avenidas, de CEOs de empresas à pessoas com necessidades especiais. Quero dizer, toda a gama de pessoas, e todo mundo parece tirar algo da banda. E eu não analiso ou questiono. Simplesmente é assim. E é um produto do que somos quando nos reunimos.
É uma química estranha, porque é fabricada, como no fato de que eu nunca teria conhecido Steve Harris e Dave Murray no curso normal da minha vida, nunca, se eles não tivessem dito, ‘ei, queremos um vocalista para o Iron Maiden’. E agora, o que temos em comum é o Iron Maiden, é essa música. E, claro, todos nós nos conhecemos. E uma das razões pelas quais acho que a banda sobreviveu é porque crescemos um no outro ao longo dos anos como pessoas, mas ao mesmo tempo a música é sempre sacrossanta.”
Bruce continuou falando sobre manter a essência e a integridade da banda:
“Quando tive câncer na garganta uma década atrás, a última coisa em minha mente era: eu cantaria novamente? A primeira coisa em minha mente é: eu vou superar isso e ficar vivo? E a última coisa em minha mente era: eu cantaria novamente? E eu pensei: ‘bem, chegaremos a esse estágio quando eu terminar o tratamento e começarmos a tentar cantar’. E eu estava bem preparado para aceitar que talvez não pudesse cantar com o Iron Maiden novamente.
Talvez eu pudesse cantar, talvez eu pudesse vocalizar, talvez eu pudesse cantar de uma maneira diferente, mas se eu não pudesse cantar do jeito que tenho que cantar com o Iron Maiden, eu os ajudaria a encontrar um ótimo substituto. Porque a música é sacrossanta.”
Questionado sobre sua fala anterior de que a química da banda é fabricada, ele explicou:
“A parte da fabricação vem apenas no sentido de que não crescemos todos na mesma rua. E, na verdade, bandas em que os membros crescem todos na mesma rua juntos, ou famílias que tocam juntas, isso pode ser uma receita para a implosão. Quer dizer, eu sei que o Oasis acabou de se reunir e fazer isso, mas meu Deus, quão difícil foi isso? Os dois irmãos e…
Então todos nós nos reunimos, mas a música é o único ponto de contato que é a coisa mais importante para todos nós. Se eu não pudesse fazer isso, se eu não pudesse fazer o que faço agora efetivamente, eu seria o primeiro a dizer: ‘quer saber? É hora de me aposentar de cantar no Iron Maiden e fazer outra coisa’. Empilhar prateleiras ou algo assim. Porque tenho muito orgulho em jogo para sair por aí…”
Ele acrescentou: “Eu estava falando com um fã outro dia, e ele disse: ‘Ah, é ótimo que vocês ainda estejam juntos novamente’. Eu disse: sim, ainda estamos juntos novamente porque somos ferozes e a música ainda é tão boa, se não melhor em alguns aspectos, do que tocávamos há 20 ou 30 anos.”
Assista ao podcast completo: