Texto por Otávio Juliano – Instagram @showsbyotavio

Fotos por Leandro Anhelli – Instagram @anhelli1980 e Rogério Talarico – Instagram @rogeriotalarico

Depois de um sábado intenso e repleto de atrações nacionais e internacionais, era a hora de dar início a mais um dia de Summer Breeze Brasil. Assim como no dia anterior, o domingo também prometia ser muito interessante, inclusive com a estreia de bandas no Brasil.

Na matéria referente ao primeiro dia do festival, essa reportagem já relatou detalhes da história do Summer Breeze Open Air e seu surgimento na Alemanha, da estrutura e da experiência nessa primeira edição brasileira. Este segundo texto tratará somente dos shows do domingo e do fechamento do evento.

 

 

SHOWS – Segundo dia

Novamente vale ressaltar de início que, por maior que fosse a equipe da Kiss FM no Memorial da América Latina, era impossível acompanhar tudo e estar em todos os shows, principalmente porque eram necessárias pausas para carregamento de baterias, descanso, alimentação e hidratação.

Em mais um dia de calor e Sol, o domingo começou com as apresentações da banda nacional Krisiun, que tocou por quase uma hora em um dos palcos principais, enquanto o Velvet Chains tocava no Sun Stage, para um público ainda tímido. Embora oriunda de Las Vegas, a banda conta com integrantes chilenos e um argentino, tendo visitado a rádio na sexta-feira que antecedeu o festival, para uma entrevista no programa RockCast.

Na sequência era necessário escolher para onde ir, pois estavam programados shows dos alemães do Grave Digger e dos brasileiros do Project 46, além do projeto do guitarrista Rafel Bittencourt (Angra), o Bittencourt Project, quase que concomitantemente.

A equipe da Kiss FM acabou por acompanhar somente a apresentação que viria logo em seguida, do H.E.A.T. Os suecos fizeram sua estreia no país e entregaram tudo no palco Hot Stage, para um ótimo público, causando uma boa surpresa nos membros da banda.

Desde o início o vocalista Kenny Leckremo não escondia sua visível felicidade em se deparar com tamanha plateia em um festival no Brasil, considerando que o H.E.A.T. vinha de tão longe e não é um dos nomes mais conhecidos do Hard Rock mundial, embora possua uma carreira de mais de dez anos e ótimos discos lançados.

A verdade é que não só o vocalista deixou evidente sua alegria em tocar no festival, mas todos os músicos estampavam sorrisos e olhares de satisfação em estar vivenciando aquele momento. No setlist de uma hora, canções de refrão pegajoso como a primeira do dia, “Back to the Rhythm”, do álbum mais recente, “One by One” e “Beg Beg Beg”, faixa do segundo disco de estúdio do H.E.A.T. (2010), o último gravado por Kenny antes de seu retorno à banda em 2020 (uma curiosidade: Erik Grönwall, vocalista do Skid Row, outra atração do Summer Breeze, era o antecessor de Leckremo na banda).

A apresentação do H.E.A.T. conquistou o público do festival e certamente a banda saiu de lá com novos fãs. “1000 Miles” e “A Shot at Redemption” fecharam o show, com a promessa feita pelo vocalista de que eles retornarão.

Se os suecos estreavam por aqui, os adquirentes do ingresso com acesso ao Summer Lounge tiveram a chance de ver outra estreia no Brasil, da veterana banda dos anos 80, Vixen. Talvez o primeiro nome de banda formada por mulheres que vem à mente quando se fala em Hard Rock.

O grupo feminino conta apenas com a baterista Roxy Petrucci (ex-Madam X) da formação clássica que gravou os dois primeiros discos da banda, os festejados “Vixen” (1988) e “Rev It Up” (1990). Além de Roxy, a Vixen conta hoje com a vocalista Lorraine Lewis (ex-Femme Fatale), a guitarrista Britt Lightning e a baixista brasileira Julia Lage.

Mais uma vez foi incrível assistir ao show com tanta proximidade das integrantes, no auditório Simón Bolívar. Uma experiência intimista que possibilitou aos fãs acompanhar de perto canções como “Cryin’”, “Love is a Killer” e mais conhecida de todas, “Edge of A Broken Heart”.

Uma pena que som demorou bastante para ser ajustado e a voz de Lorraine não foi ouvida com qualidade durante uma boa parte da apresentação. Ao final as quatro integrantes atenderam o público para fotos e autógrafos, mostrando-se extremamente gratas por essa primeira visita no Brasil, depois de tanto tempo de carreira.

Enquanto a Vixen debutava no país no Waves Stage, os fãs de Metalcore podiam acompanhar o Bury Tomorrow no Ice Stage e os finlandeses do Finntroll no Sun Stage.

Representante do Thrash Metal, a respeitada banda Testament elevou o volume das caixas de som do festival, que aliás se manteve bastante alto em todos os shows dos dois palcos principais. A reportagem da rádio acabou por não conseguir acompanhar a apresentação dos americanos, mas você consegue ver algumas fotos na galeria, assim como de Simone Simons que ministrou uma palestra e uma conversa com fãs.

As próximas paradas desta equipe de reportagem eram os shows do Beast in Black e do The Winery Dogs. São duas experiências diferentes. O Beast in Black cumpriu a promessa de retornar ao Brasil, conforme havia anunciado no show de abertura para o Nightwish em 2022, trazendo o que faz de melhor: uma mistura certeira Rock, Pop e Metal, com uma boa dose de sonoridade eletrônica e sintetizadores.

“No Surrender”, a divertida “Sweet True Lies” e a dançante “One Night in Tokyo” agradaram o bom público que acompanhou a banda no palco Sun Stage. Já o The Winery Dogs executou suas composições com maestria e precisão no palco Ice Stage.

Formada por três virtuosos e talentosos músicos em 2012, para muitos dos presentes o The Winery Dogs fez uma das grandes apresentações do festival. Richie, Billy e Mike mostraram porque constam na lista de melhores músicos do Rock e por uma hora agitaram o público com canções como “Desire” e “Oblivion”, algumas das que a equipe da rádio conseguiu acompanhar, já quando o show se encaminhava do meio para o final.

O Kreator trouxe ao Summer Breeze Brasil um dos palcos mais bonitos dos dois dias, abusando das chamas, fumaça e explosões durante a execução de seus sucessos, que resultaram na formação dos moshpits e da chamada wall of death, citada inclusive pelo vocalista Miland “Mille” Petrozza ao final, quando anunciou que era a última chance para o público brasileiro formar a “parede da morte”, durante a execução de “Pleasure to Kill”

A apresentação do Kreator foi impressionante positivamente e vale destacar o excelente ajuste do som, um dos melhores de todo o festival. Ouvia-se muito bem as canções pesadas da banda, que tocou por uma hora. No Waves Stage, quando o Kreator terminava seu show, a banda Electric Gypsy, vencedora da competição “New Blood”, promovida pela organização do festival, dava início à sua apresentação.

Quando o Avantasia, projeto capitaneado por Tobias Sammet (Edguy), subiu a um dos palcos principais, o Napalm Death também iniciava seu show do outro lado da passarela do festival, no Sun Stage. Era necessário escolher aonde estar.

O Avantasia trouxe ao país um “timaço de craques” da voz, como os conhecidos Ralf Schepeers (Primal Fear), Eric Martin (Mr. Big) e Ronnie Atkins (Pretty Maids). O projeto musical mobilizou os presentes ao festival e era quase impossível achar um lugar na parte da pista dedicada ao público do Summer Lounge, devido à lotação.

Com imagens das capas dos álbuns no centro do palco, que pareciam estar em terceira dimensão, Tobias foi o maestro do espetáculo, trazendo os sucessos “Farewell”, “Dying for an Angel” e, é claro, “Avantasia”.

Com os convidados no palco, Tobias convocou a todos para cantar “The Seven Angels” e fechar o palco Ice Stage.  Ainda restavam as apresentações das bandas Parkway Drive e do Stratovarius, nos outros dois palcos.

O Parkway Drive, embora não tão conhecida no Brasil, atraiu um ótimo público, que ansiava por ver os australianos em seu retorno ao país, com seu poderoso show, inclusive visualmente, graças ao fogo e chamas no palco.

Com essa imponente apresentação, o Parkway Drive trouxe canções de seus diversos álbuns, embora ainda esteja promovendo o disco “Darker Still” (2022). Não ficaram de fora canções como “Prey” e “The Void”, que evidenciam o estilo musical que mescla Metalcore, Heavy Metal e Groove Metal.

Por mais que o Parkway Drive possa ser considerado ainda por muitos fãs do Rock e Metal clássico uma banda da nova geração, o grupo australiano tem vinte anos de carreira e deixou sua marca na primeira edição brasileira do Summer Breeze Brasil, ainda que o show tenha terminado alguns minutos antes do horário previsto para o seu final.

Ao terminar de atravessar a passarela era possível ver o grande público que aguardava pelo Stratovarius no palco Sun Stage. Uma legião de fãs lotou o espaço para acompanhar a banda, que poderia facilmente estar em um dos palcos principais do evento.

“Speed of Light”, “Unbreakable”, a balada “Forever” e o clássico “Hunting High and Low” levantaram o público e mantiveram os fãs firmes e fortes na noite de domingo, mesmo após dois dias de festival.

Não podia faltar a brincadeira do público com o nome do baixista, Lauri Porra, que já tinha seu nome gritado até mesmo antes do show começar. Com disco recente lançado, “Survive” (2022), o Stratovarius aproveitou a oportunidade para executar algumas das mais novas canções, com destaque para a ótima “World on Fire”.

Desse lado do festival, quem estivesse com o acesso ao Summer Lounge ainda tinha mais um show para acompanhar: Evergrey, no auditório. Como já ressaltado nesse texto, a experiência no Waves Stage era algo memorável pela proximidade dos fãs e dos músicos.

Com o Evergrey não foi diferente. Passava das 22hs quando a banda subiu ao palco e quase que imediatamente os fãs se levantaram das cadeiras e foram à frente para acompanhar o show.

Com uma plateia fiel à sonoridade da banda, não era difícil encontrar fãs chorando ao presenciar uma apresentação do Evergrey de forma tão exclusiva e única. Os suecos liderados pelo vocalista Tom Englund emocionaram os fãs por noventa minutos, com músicas como “My Allied Ocean”, “Where August Mourn” e a mais nova “Save Us”, que não só colocou um ponto final na apresentação da banda, mas como também no festival.

 

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BALANÇO GERAL

O saldo da primeira edição do Summer Breeze Brasil foi extremamente positivo, na visão desta reportagem. Uma variedade de bandas e gêneros do Rock e Heavy Metal, para agradar ao público em geral, que respeitou essa diversidade.

Caso uma banda não agradasse, não faltavam opções do que fazer no espaço do festival, desde uma parada para alimentação nos Food Trucks espalhados pelo local, compras nas diversas lojas ou até mesmo a possibilidade de se fazer uma tatuagem nova.

Já anunciada nas redes sociais do festival uma segunda edição para 2024, essa “brisa de verão” veio para ficar e não será passageira. Sorte dos brasileiros fãs de Rock e Heavy Metal, que ganham mais uma opção de festival anual para se divertir.

Long Live Summer Breeze Brasil!

Agradecimentos à produção do evento e à Agência Taga pela atenção e credenciamento de toda a equipe da rádio.