Saxon proporciona mais uma aula de Heavy Metal para casa cheia em São Paulo

Banda britânica visitou mais uma vez o país com a turnê do álbum Carpe Diem

 

Texto: Clovis Roman

Fotos: Andre Tedim (@andretedimphotography)

 

Pela oitava vez no Brasil, o Saxon reencontrou sua fiel e numerosa base de fãs e entregou aquilo que todos esperavam: uma verdadeira aula de Heavy Metal. Os veteranos, com mais de 45 de carreira e 25 álbuns, muitos deles clássicos absolutos do estilo, encontraram casa cheia no show de estreia da turnê, em Curitiba, e repetiram a dose no gigante Tokio Marine Hall, em São Paulo.

O ato de abertura ficou por conta da banda americana Madzilla, adepta de um metal mais pesado e moderno – com referências do thrash – que os britânicos, que cativou os presentes, também em parte pela empolgação dos músicos de estarem no Brasil pela primeira vez. Mostrando referências de outros estilos, mas que não descaracterizam seu núcleo sonoro, o quarteto mostrou um excelente cartão de boas-vindas a um público que, majoritariamente, nunca tinha ao menos ouvido falar na existência deles. Com profissionalismo e qualidade musical latente, o Madzilla pode alcançar patamares mais altos dentro do cenário.

A noite, todavia, era da lenda britânica Saxon. Se no passado eles rasgavam o setlist e tocavam o que a galera pedia, hoje eles reservam um espaço para que o público escolha uma entre três músicas. No meio do repertório, o vocalista Biff Byford sugeriu “Broken Heroes”, “Ride Like the Wind” e “Crusader”. A primeira delas teve resposta tímida da plateia, portanto o quinteto tocou as outras duas. Primeiro, “Crusader”, um épico atemporal que foi cantada não apenas no refrão pelos fãs, mas em todos os seus memoráveis versos. Mais radiofônica e com melodia mais linear, por se tratar originalmente de uma canção pop, que o Saxon atualizou com seu peso característico, “Ride Like the Wind” trouxe um convidado inesperado ao palco: Fabio Lione, vocalista do Angra. Junto a Biff, o italiano cantou com grande empolgação e técnica, resultando em um momento histórico.

Das canções do último álbum de inéditas, Carpe Diem, foram quatro e todas muito bem recebidas. Abrindo a noite, “Carpe Diem (Seize the Day)” colocou a energia lá no alto, de imediato, ainda mais quando foi seguida pela veloz “Motorcycle Man”, direto dos anos 1980. As mais cadenciadas “Age of Steam” e “The Pilgrimage” foram os contrapontos a momentos mais rápidos, como a brutal “Sacrifice” ou a apocalíptica “Dogs of War”, do álbum homônimo de 1995. Mais básica e de refrão simples, “Dambusters” foi a ponte perfeita entre os clássicos “Power and the Glory” e “Dallas 1 PM”.

Falando em clássicos, eles vieram aos montes. Não ficaram de fora “Solid Ball of Rock”, “Wheels of Steel”, “Heavy Metal Thunder”, “747 (Strangers in the Night)” (que teve uma rápida aparição no palco de Tim ‘Ripper’ Owens, ex-Judas Priest), além da dobradinha “Denim and Leather” e “Princess of the Night”, no segundo bis. Ainda deu tempo para os músicos se despedirem e decidirem tocar mais uma, “Strong Arm of the Law”, que decretou o fim de uma das performances mais robustas e honestas que o público do Heavy Metal já viu no Brasil. Considerando a energia emanada pelo Saxon, ainda há muita lenha para queimar, ainda mais que nos próximos meses, mais um álbum de inéditas chega ao mercado. Que assim permaneçam por muitos anos.

Repertório:

Carpe Diem (Seize the Day)

Motorcycle Man

Age of Steam

Power and the Glory

Dambusters

Dallas 1 PM

Heavy Metal Thunder

Sacrifice

Crusader

Ride Like the Wind

Dogs Of War

Solid Ball of Rock

And the Bands Played On

Never Surrender

Wheels of Steel

The Pilgrimage

747 (Strangers in the Night)

Denim and Leather

Princess of the Night

Strong Arm of the Law