Pantera e Judas Priest – Vibra, São Paulo – SP
15 de dezembro de 2022
Por Otávio Juliano – Instagram @showsbyotavio
Fotos (Pantera) por Camila Cara – Instagram @camilafcara
Fotos (Judas Priest) por Stephan Solon – Instagram @stephansolon
Em sua primeira edição brasileira, o festival Knotfest acontece em São Paulo, no Sambódromo do Anhembi, tendo como destaque diversos artistas nacionais e internacionais, sendo encabeçado, é claro, pelo Slipknot.
Dentre as atrações escaladas para o Knotfest, algumas delas tiveram apresentações agendadas em separado, para os dias que antecederam o festival. Foi o caso do tributo ao Pantera e do Judas Priest, que se juntaram para um único show na última quinta-feira.
Pantera
Foi em meados de julho deste ano que surgiram notícias de que os membros remanescentes do Pantera – Phil Anselmo e Rex Brown – iriam se reunir para uma celebração do legado da banda e, especialmente, dos irmãos Abbott. Juntaram-se a eles o guitarrista Zakk Wylde (Black Label Society, Ozzy Osbourne) e Charlie Benante (Anthrax).
Gerando muitos comentários e também críticas, relacionadas ao uso do nome “Pantera” sem a indicação de que seria um tributo ou algo semelhante, a verdade é que a reunião se confirmou e shows foram sendo agendados, com a inclusão do Brasil na lista de países visitados.
Se a pandemia da Covid-19 já havia gerado muitos efeitos negativos no cenário musical em 2020 e 2021, com cancelamentos e adiamentos de apresentações e festivais, inclusive do próprio Knotfest Brasil (inicialmente agendado para dezembro de 2021), fato é que ela ainda faz estragos.
O baixista Rex Brown foi a vítima da vez e teve de retornar aos Estados Unidos, devido ao contágio do vírus. Isso certamente causou frustação nos fãs, mas Derek Engemann (The Illegals e Scour) foi seu substituo e a apresentação da banda no Brasil finalmente ocorreu em São Paulo.
O setlist foi quase que integralmente focado nos três grandes álbuns da banda, lançados entre 1990 e 1994, com exceção da canção “Yesterday Don´t Mean Shit”, do disco “Reinventing the Steel” (2000), o último de estúdio da banda.
O público ficou em êxtase já desde os primeiros instantes, quando “A New Level” e “Mouth For War” foram executadas, duas composições do clássico álbum “Vulgar Display of Power” (1992). Rodas de bate-cabeça foram imediatamente abertas na pista e foi assim até o final do show, com os fãs que lotaram a pista.
No palco, luzes coloridas, um grande letreiro com o nome da banda ao fundo e muita fumaça davam o tom da noite, deixando a apresentação ainda mais atrativa de se ver. Como era de se esperar, em muitas oportunidades os falecidos irmãos Dimedag Darrell e Vinnie Paul foram lembrados e, mais do que isso, celebrados: em imagens, trechos de shows e bastidores nos telões, nas falas de Phil, nas peles dos bumbos de bateria e até mesmo na camiseta usada pelo baterista.
“Walk”, uma das mais esperadas da noite, foi interrompida e reiniciada a pedido de Phil Anselmo, que pediu mais animação à plateia. Prontamente atendido, o controverso vocalista, outrora envolvido em gestos e declarações de cunho racista, pareceu bem à vontade como único membro original do Pantera.
Comandou o público como um maestro e se mostrou ainda com potência vocal para um show de aproximadamente uma hora e vinte minutos. Zakk, Derek e Charlie também fizeram os respectivos papéis com qualidade e se mostraram boas escolhas, honrando o nome do Pantera.
A icônica “Cowboys From Hell”, faixa-título do disco de 1990 que mudou a direção musical e a carreira do Pantera para sempre, colocou fim à apresentação.
Judas Priest
Se a quinta-feira era de celebração do Heavy Metal e do legado das bandas, nada melhor do que comemorar os 50 anos de carreira do Judas Priest, banda referência no cenário musical.
Em turnê denominada “50 Heavy Metal Years”, o Judas Priest mais uma vez mostrou como ainda tem “lenha para queimar” e a razão de ser considerado um gigante do gênero.
Inicialmente marcado para 22:15h, Rob Halford e cia somente subiram ao palco com mais de trinta minutos de atraso, provavelmente em decorrência da montagem da estrutura do cenário, pois se via uma intensa movimentação da equipe logo após o término do show do Pantera.
Quando o gigante tridente da banda foi erguido e iluminado era o sinal de que a celebração começaria. As boas-vindas ao público vieram com “Electric Eye”, seguida da excelente “Riding on the Wind”, que foi literalmente “de arrepiar”, afinal a música tem esse poder e este redator ficou arrepiado ao assistir novamente o Judas Priest ao vivo, especialmente durante essa canção.
Com cinco músicas do setlist extraídas do álbum “Screaming for Vengeance” (1982), o Judas Priest fez um apanhado de alguns de seus principais sucessos, chegando a executar “Firepower”, a única do faixa do disco homônimo de 2018, o mais recente trabalho de estúdio da banda.
As luzes coloridas, inclusive colocadas no gigante tridente central, deram um tom mais bonito ao espetáculo, com destaque para “Devil´s Child”, quando o telão de trás foi tomado por chamas em movimento.
Halford, com 71 anos, é um show à parte. Em ótima forma, o vocalista parece não se cansar do ofício e segue melhor do que nunca à frente do Judas Priest. Sabe levar a voz ao limite e também poupá-la, quando necessário, como em trechos mais cadenciados de “You’ve Got Another Thing Comin’”.
A “cozinha” é comandada pelo mais discreto baixista Ian Hill, membro mais antigo da formação atual, e por Scott Travis, ótimo e competente baterista. Nas guitarras, Richie adiciona juventude ao Judas Priest desde 2011, quando substituiu K.K. Downing e mostra cada vez mais ser a escolha certa, ao lado de Andy que, além de músico, é renomado produtor de Heavy Metal.
Com a tradicional entrada de Rob com sua moto, “Hell Bent for Leather” abriu o bis, seguida do clássico “Breaking the Law” e de “Living After Midnight”. Lembram quando falei anteriormente em músicas de arrepiar? Pois então, esse momento final foi outro daqueles arrepiantes, com os fãs acompanhando a canção e o refrão com fervorosas palmas.
“Judas Priest nunca decepciona”. Por coincidência ouvi essa frase duas vezes durante o show da banda. Logo no início, de alguém que estava ao meu lado na pista e ao final, de uma amiga que encontrei por lá.
E é isso mesmo. Não decepcionou, como era esperado. Pelo contrário, Judas Priest proporcionou noventa minutos de Heavy Metal de qualidade para os fãs presentes.
Agradecimentos à Midiorama e à 30E – Thirty Entertainment pela atenção e credenciamento. Fotos gentilmente cedidas pela assessoria – Pantera por Camila Cara e Judas Priest por Stephan Solon (Judas Priest).
Formação Pantera:
Phil Anselmo – vocal
Charlie Benante – bateria
Zakk Wylde – guitarra
Derek Engemann – baixo
Setlist Pantera:
A New Level
Mouth for War
Strength Beyond Strength
Becoming
I’m Broken
5 Minutes Alone
This Love
Yesterday Don’t Mean Shit
Fucking Hostile
Planet Caravan (Black Sabbath)
Walk
Domination/Hollow
Cowboys From Hell
Formação Judas Priest:
Rob Halford – vocal
Richie Faulkner – guitarra
Andy Sneap – guitarra
Ian Hill – baixo
Scott Travis – bateria
Setlist Judas Priest:
Electric Eye
Riding on the Wind
You’ve Got Another Thing Comin’
Jawbreaker
Firepower
Devil’s Child
Turbo Lover
Steeler
Between the Hammer and the Anvil
Metal Gods
The Green Manalishi (With the Two Prong Crown) (Fleetwood Mac)
Screaming for Vengeance
Painkiller
Bis
Hell Bent for Leather
Breaking the Law
Living After Midnight