Mötley Crüe e Def Leppard – Allianz Parque, São Paulo – SP – 07 de março de 2023

 

Por Otávio Juliano – Instagram @showsbyotavio

Fotos por Leandro Anhelli – Instagram @anhelli1980

Fãs de Hard Rock ansiavam pela chegada do mês de março de 2023, afinal a tão celebrada turnê das cultuadas bandas oitentistas Mötley Crüe e Def Leppard chegaria finalmente ao Brasil.

Denominada originalmente “The Stadium Tour” e iniciada somente em 2022, após adiamentos devido à pandemia da Covid-19, a turnê foi renomeada para “The World Tour” quando passou a abranger outros países, indo para além dos Estados Unidos e do Canadá, mas dessa vez sem Poison e Joan Jett & The Blackhearts.

Foram três datas anunciadas para os brasileiros, mas os shows de Porto Alegre e Curitiba foram posteriormente cancelados, muito provavelmente em razão da baixa procura por ingressos, restando apenas a aguardada apresentação na capital paulista.

Mötley Crüe

Com aposentadoria oficializada no final do ano de 2015, o Mötley Crüe ficou fora dos palcos desde então, lançando apenas músicas novas para a trilha sonora do filme biográfico “The Dirt” (Netflix), lançado em 2019.

O sucesso do filme e boas propostas financeiras fizeram o Mötley Crüe anunciar o retorno às atividades com sua formação original, que cumpriu uma série de datas da citada “The Stadium Tour”.

Já para a leva de shows ao redor do mundo – América Latina e Europa – em outubro de 2022 a banda oficializou a aposentadoria do guitarrista Mick Mars, que há anos sofre com uma doença inflamatória crônica chamada espondilite anquilosante.

John 5 foi escolhido como seu substituto e veio a São Paulo com o Mötley Crüe, para noventas minutos cravados de Hard Rock, regados a muita nostalgia dos anos 80.

Com setlist focado principalmente nas canções dos cinco primeiros discos, lançados no período entre 1981 e 1989, o Mötley Crüe trouxe a São Paulo toda sua energia em um show de grandes proporções, com direito a palco imponente e um espetáculo de luzes.

Vince Neil saudou os brasileiros já no início e destacou que a banda traria antigas composições, ao anunciar “Too Fast for Love”, faixa que dá nome ao homônimo álbum de estreia do grupo. Essa mescla de sucessos dos áureos discos pareceu certeira e foi possível celebrar ao vivo a melhor fase do Mötley Crüe.

Até mesmo a ordem das canções pareceu adequada e levou ao público emoções das mais diversas. Enquanto a dobradinha com as enérgicas “Wild Side”, cujo videoclipe representa bem o apoteótico momento vivido pela banda nos anos 80, com a bateria giratória de Tommy Lee, e “Shout At The Devil”, cantada em volume alto pelo público, trouxe agito geral, baladas como “Don’t Go Away Mad (Just Go Away)” foram estrategicamente encaixadas entre as mais aceleradas.

Se a banda executava uma música mais cadenciada ou um pouco mais lenta, logo em seguida a aceleração era retomada, mantendo a plateia “na mão” o tempo todo. “Home Sweet Home” foi o momento mais calmo da noite, com o Allianz Parque iluminado pelos celulares dos fãs e com Tommy ao piano, colocado na passarela central.

Daí em diante, o Mötley Crüe voltou a todo vapor com a sequência final do show, que contou com composições do bem-sucedido disco “Dr. Feelgood” (1989), além da clássica “Girls, Girls, Girls”, com direito a duas gigantes bonecas robotizadas nas laterais do palco, e “Primal Scream”, que serviu para o público tomar fôlego para cantar a plenos pulmões “Kickstart My Heart”.

Vale destacar que o substituto guitarrista John 5 apareceu tanto no merchandising oficial da banda, quanto nas referências no telão, tendo ainda direito a um solo de guitarra que precedeu um pot-pourri com diversos covers (vide setlist completo abaixo).

Nikki foi à frente do palco com a bandeira do Brasil e ainda abraçou uma fã escolhida na pista, tirando inclusive uma selfie. O baterista Tommy destacou o quanto gosta do Brasil, inclusive brincando que gostaria de se mudar para cá, salientando ainda que o país tem as melhores “tatas” (referindo-se, em arranhado português, aos seios femininos).

Mesmo com o palco montado utilizando apenas parte da pista, a cidade de São Paulo merecia um show do Mötley Crüe a céu aberto (em 2011 a banda tocou em uma casa fechada e, em 2015, apenas no Rio de Janeiro, no Rock in Rio). Faltava uma apresentação como essa da última terça-feira em território paulista.

Ainda que os efeitos do tempo tenham chegado (e chegam para todos, não?), o Mötley Crüe adapta bem o ritmo das canções para se adequar à performance do vocalista Vince Neil, que faz uso de bases pré-gravadas e efeitos para sua voz ecoar melhor no show.

Em São Paulo, a icônica quadragenária banda de Hard Rock provou que tem algo ainda a mostrar e pode deixar a aposentadoria para um outro momento futuro.

Def Leppard

Como parte do acordado na turnê conjunta, as bandas se intercalariam no fechamento das noites em cada país, cabendo ao Def Leppard essa missão em São Paulo.

No horário anunciado – 21:30h – os ingleses subiram ao palco para mais noventa  minutos de Hard Rock ou do denominado Arena Rock, como a banda ficou conhecida mundialmente por ser uma representante, desde sua saída da Inglaterra para ganhar o mundo, especialmente com seu famoso disco “Hysteria” (1987).

Com pouco tempo de intervalo entre um show e outro, os fãs se movimentaram na pista, mas já estavam a postos quando a contagem regressiva no telão se encerrou, dando início à execução de “Take What You Want”, faixa de abertura do disco mais recente, de 2022 – “Diamond Star Halos”.

Nesse início a plateia parecia ainda recuperar as energias da apresentação anterior, mas sucessos como “Animal” e a excelente “Armageddon It” deram o tom: seria mais um show nostálgico, para reviver o auge dos anos 80 em São Paulo!

Antes de introduzir “Kick”, outra composição do álbum mais novo, Joe Elliott relembrou a última passagem da banda pelo Brasil, destacando que haviam se passado 6 longos anos.

Com som impecável desde o início do show, o Def Leppard trouxe no repertório diversos hits. “Love Bites” proporcionou aos fãs um momento muito bonito, com luzes coloridas espalhadas pelo palco, enquanto em “Rocket” a banda mostrou toda sua força, destacando-se os vocais de apoio de Phil, Vivian e Rick.

Mais posicionados em seus lugares no palco em boa parte do show, os músicos ainda assim se movimentaram e utilizaram a passarela central para inclusive fazer uma mistura elétrica-acústica em “When Love and Hate Collide”, precedida pela linda “This Guitar”.

Para o final o Def Leppard guardou alguns de seus principais sucessos, aqueles considerados “os clássicos da banda”. Como a chuva felizmente não apareceu para atrapalhar a noite, foi possível aproveitar toda a parte visual da apresentação.  

Luzes coloridas e imagens antigas no telão fizeram parte da execução de “Photograph”, música lançada há 40 anos no disco “Pyromania”. Era o fim de 3 horas de Hard Rock em uma terça-feira de março que será lembrada por muito tempo ainda.

As bandas agora seguem para a Argentina, voltam aos Estados Unidos e a partir de maio dão início à turnê pela Europa.

 

Agradecimentos a Motisuki PR (Giulia Poltronieri) e Live Nation pela atenção e credenciamento.

Banda Mötley Crüe:

Nikki Sixx – baixo

Vince Neil – vocal e guitarra

Tommy Lee – bateria

John 5 – guitarra

Setlist:

Wild Side

Shout at the Devil

Too Fast for Love

Don’t Go Away Mad (Just Go Away)

Saints of Los Angeles

Live Wire

Looks That Kill

The Dirt (Est. 1981)

Solo Guitarra

Rock and Roll, Part 2 / Smokin’ in the Boys Room / Helter Skelter / Anarchy in the U.K. / Blitzkrieg Bop

Home Sweet Home

T.N.T. (Terror ‘n Tinseltown)

Dr. Feelgood

Same Ol’ Situation (S.O.S.)

Girls, Girls, Girls

Primal Scream

Kickstart My Heart

Banda Def Leppard:

Rick Savage – baixo

Joe Elliott – vocal e guitarra

Rick Allen – bateria

Phil Collen – guitarra

Vivian Campbell – guitarra

Setlist:

Take What You Want

Let’s Get Rocked

Animal

Foolin’

Armageddon It

Kick

Love Bites

Promises

This Guitar

When Love and Hate Collide (Acústica)

Rocket

Bringin’ On the Heartbreak

Switch 625

Hysteria

Pour Some Sugar on Me

Rock of Ages

Photograph