Por Otávio Juliano – Instagram @showsbyotavio

Fotos por Leandro Anhelli – www.anhelli.com.br – Instagram @anhelli1980

A importância do Sepultura para o Heavy Metal brasileiro e mundial é imensurável. Maior expoente do gênero no país, dentre tantos álbuns importantes lançados ao longo da carreira, “Roots”, de 1996, é um marco para a música pesada.

Fundadores da banda na década de 80, os irmãos Cavalera passaram por São Paulo para celebrar, ainda que um ano depois, os 25 anos desse revolucionário disco.

“Roots” é reconhecido mundialmente devido à ousadia da banda à época, afinal o álbum traz diversos elementos inovadores para o Thrash Metal, com diversas participações especiais, uso de percussão, batidas tribais, além da gravação de uma canção juntamente com índios xavantes.

Se em “Chaos A.D.” o Sepultura já flertava com uma fase mais experimental, especialmente em se tratando de uma banda de Thrash Metal, com o álbum “Roots” os irmãos Cavalera se superaram ainda mais e causaram uma comoção mundial em 1996, ainda que ao final desse mesmo ano Max tenha deixado a banda.

Um disco com tamanha importância merece ser sempre celebrado e, por esta razão, Max e Iggor se juntaram a Dino Cazares (Fear Factory, Brujeria) e o baixista Mike Leon (Soulfly) para novamente excursionar pelo Brasil sob o nome de “Max e Iggor Cavalera – Return To Roots”.

Na capital paulista Max e Iggor encerraram a pequena turnê de cinco datas, em um domingo à noite que fica marcado na história do Metal brasileiro. Com casa cheia, os irmãos fizeram uma apresentação inesquecível.

A agitação foi constante, desde os primeiros acordes de “Roots Bloody Roots”, que abriu a noite. O álbum não foi executado na íntegra, ficando de fora as canções “Born Stubborn” e “Endangered Species”, além da acústica “Jasco”.

As demais faixas foram todas tocadas, para delírio dos fãs, que abriram grandes rodas (“mosh”) nas pistas vip e comum, desde o início, durante a execução das ótimas “Attitude” e “Cut-Throat”.

“Lookaway” veio com direito a pequenos trechos de “War Pigs” (Black Sabbath) e “Territory” (Sepultura), enquanto que, durante “Refuse/Resist”, Max pediu ao público a formação de uma “walf of death”. Os fãs da pista se dividiram em dois grupos, com o vocalista chamando-os, de forma bem-humorada, de “trogloditas” e “cavernosos”, pedindo ainda que um “suicida” ficasse no centro.

A banda tocou ainda o cover de “Orgasmatron”, canção do Motörhead que também ficou imortalizada pelo Sepultura, em versão originalmente gravada para o disco “Arise” (1991). “Polícia”, dos Titãs, que não estava inicialmente no setlist, e “La Migra”, do Brujeria (banda do guitarrista Dino), foram outros covers que fizeram parte do repertório.

Um destaque especial ficou também por conta de “Itsári”, que foi gravada na tribo dos índios xavante, no Mato Grosso. Para o show de domingo, o próprio cacique Cipassé Xavante subiu ao palco para introduzir a canção e fazer um discurso em prol da causa indígena.

“Troops of Doom” contou com o filho de Iggor Cavalera na guitarra (Iccaro Bass Cavalera) e também com Alex Camargo (Krisiun), sendo precedida pela introdução de “Raining Blood”, do Slayer.

Parece “lugar comum” dizer que a plateia não parou um minuto sequer, mas foi exatamente isso que aconteceu. O público ficou enlouquecido com mais essa apresentação dos irmãos Cavalera em São Paulo e a noite ficará marcada na memória de todos que estiveram na Audio.

Max mostrou novamente o excelente frontman que é e seu irmão Iggor ratificou sua condição de um dos maiores bateristas do Thrash Metal mundial. Ambos estavam visivelmente felizes durante a apresentação e transmitiram ao público uma energia incrível, emocionando a todos.

Abertura – Sinaya e Krisiun

Antes dos Cavalera, outra grande referência do Metal nacional, o Krisiun, subiu ao palco. Com mais de 30 anos de carreira e sólidos trabalhos na linha do Death Metal, o Krisiun tocou por quase uma hora, executando um setlist intercalado por canções mais antigas, como “Hatred Inherit”, de 2000, e as mais recentes “Sworn Enemies” e “Serpent Messiah”, do álbum “Mortem Solis” (2022).

Formada também por irmãos (Alex Camargo, Moyses e Max Kolesne), o Krisiun tem seu nome na história da música pesada brasileira e o vocalista Alex não cansou de agradecer a oportunidade de tocar ao lado dos Cavalera, ressaltando que se a banda existe até hoje, era muito devido à influência do Sepultura, que abriu portas para muitos outros nomes do Metal nacional.

Antes do Krisiun, as garotas do Sinaya “aqueceram” o público. Banda de Deathcore, a primeira do gênero formada somente por mulheres, o Sinaya tem mais de uma década de experiência, um EP e um álbum já lançados, sendo atualmente formada por Mylena Monaco (vocal), Helena Nagagata (guitarra), Amanda Melo (baixo) e Amanda Imamura (bateria).

No repertório apresentado, um pouco de toda a carreira, como “Buried By Terror”, do álbum “Maze of Madness” (2018), “Legion of Demons”, de 2013 e a ótima “Psychopath”, lançada como single esse ano, que fará parte de um vindouro disco, previsto ainda para 2022.

Agradecimentos a HonorSounds e Camila Dias (Audio) pela atenção e credenciamento da equipe da rádio.

 

Setlist Max e Iggor:

Roots Bloody Roots (Sepultura)

Attitude (Sepultura)

Cut-Throat (Sepultura)

Ratamahatta (Sepultura)

Breed Apart (Sepultura)

Straighthate (Sepultura)

Spit (Sepultura)

Dusted (Sepultura)

Lookaway (Sepultura)

Itsári (Sepultura)

Ambush (Sepultura)

Dictatorshit (Sepultura)

Troops of Doom (Sepultura)

La Migra (Brujeria)

Refuse/Resist (Sepultura)

Orgasmatron (Motörhead)

Polícia (Titãs)

Roots Bloody Roots (Sepultura)