Knotfest – Sambódromo do Anhembi, São Paulo – SP
18 de dezembro de 2022
Por Otávio Juliano – Instagram @showsbyotavio
Fotos por Camila Cara – Instagram @camilafcara
A espera acabou e finalmente chegou a tão aguardada vez do Brasil! O festival Knotfest estreou em território nacional, depois de 10 anos de sua primeira edição, nos Estados Unidos.
A versão brasileira do festival encabeçado pela banda americana Slipknot aconteceu no último domingo e teve duração de 12 horas, sendo repleta de atrações nacionais e internacionais, com uma mescla de nomes lendários do Heavy Metal e bandas da nova geração.
Estrutura e público
O Knotfest Brasil contou com dois palcos posicionados nos extremos dos Sambódromo, com shows intercalados, sem intervalo para descanso. Quando uma banda encerrava a apresentação no palco Knotstage, já era hora de se posicionar no Carnival Stage, e vice-versa.
Com ingressos esgotados, inevitáveis filas se formaram nos arredores do Anhembi, exigindo do público, que começou a chegar cedo sob forte Sol e calor, paciência para acessar a arena.
Foram 45 mil fãs presentes e a experiência Knotfest incluía lojas com artigos oficiais das bandas escaladas para os shows (camisetas, bonés etc.), área dedicada à tatuagem, food trucks, bares localizados nas laterais dos palcos e, por ser domingo de final da Copa do Mundo, um telão instalado para aqueles que quiseram acompanhar o jogo entre Argentina e França.
Outra atração interessante e que havia sido anunciada antecipadamente foi o Knotfest Museum, um pequeno museu com acervo de itens da banda, incluindo suas famosas máscaras, instrumentos utilizados pelos músicos, roupas de turnês e diversos outros artigos. Os fãs que optaram por conferir o museu também enfrentaram longas filas, mas ao ingressarem no espaço puderam conferir os itens expostos e fotografar à vontade.
Shows
Ao todo foram 11 atrações programadas para o dia todo do festival e os shows tiveram seus horários cumpridos à risca. Sem atrasos, o público pôde acompanhar na parte da manhã as apresentações das bandas brasileiras Black Pantera (anunciada para substituir o Motionless In White, depois do cancelamento por motivos de saúde) e Oitão + Jimmy & Rats. O Project 46 abriu os trabalhos da parte da tarde e o Sepultura, a última banda nacional a se apresentar no Knotfest, tocou um pouco mais à frente, por volta das 15hs.
A escalação internacional do festival contou com os norte-americanos do Trivium e a banda “caçula” do dia, o Vended, formada por dois filhos de integrantes do Slipknot: Griffin Taylor (vocais) e Simon Crahan (bateria), herdeiros de Corey Taylor e M. Shaw “Clown” Crahan.
A equipe da rádio Kiss FM conseguiu acompanhar o festival a partir do show da banda experimental Mr. Bungle, uma das atrações mais aguardadas do dia. Formado nos idos de 1985 e famoso por sua forte mescla de diversos estilos musicais, o grupo ficou um longo período sem atividade, retomando os trabalhos de estúdio em 2020, com o lançamento do disco “The Raging Wrath of the Easter Bunny”.
Falando com o público em português, Mike Patton comandou o show e agitou os presentes, com canções divertidas como “Hyprocrites”, que dedicou ao presidente Bolsonaro, a quem chamou de um grande “filho da p***”. Com Dave Lombardo (ex-Slayer) e Scott Ian (Anthrax), o Mr. Bungle tocou por cerca de 50 minutos, encerrando o show com “Territory”, do Sepultura, quando Andreas Kisser e Derrick Green se juntaram à banda no palco.
Contando com Zakk Wylde (guitarra), Charlie Benante (Anthrax) e, de última hora, com Derek Engemann no baixo, em virtude da ausência de Rex Brown, devido ao contágio do vírus da Covid-19, o Pantera se apresentou às 17hs no Knotfest Brasil, comandado por seu integrante original Phil Anselmo (vocal).
Repetindo o setlist executado no show de São Paulo na quinta-feira anterior ao festival, o Pantera trouxe nostalgia aos fãs, com clássicos como “Walk”, “This Love”, cantada a plenos pulmões pela plateia, e “Cowboys From Hell”, faixa que dá título ao revolucionário disco lançado pela banda em 1990.
Homenagens foram prestadas aos falecidos irmãos Dimebag Darrell e Vinnie Paul, com imagens nos telões e até mesmo um vídeo com trechos de “Cemetary Gates”, contendo momentos dos músicos.
O som estava muito ajustado e, embora o dia ainda estivesse claro, a banda usou recursos de luz no bonito palco montado, além de chamas que saíam de trás da bateria em “I`m Broken”.
Bring Me The Horizon foi o representante da geração de bandas surgidas nos anos 2000, sendo também a primeira atração a se apresentar quando começava a anoitecer, proporcionando um maior aproveitamento dos recursos visuais por parte dos fãs presentes.
Última banda a tocar no Knotstage antes do Slipknot, o Bring Me The Horizon trouxe ao festival um placo repleto de iluminação colorida, fazendo um apanhado da carreira, com destaque para as composições do mais recente EP, “Post Human: Survival Horror”.
A acelerada “Dear Diary,”, “Parasite Eve” e “Sleepwalking”, não tocada no show realizado na sexta-feira anterior ao festival, foram alguns dos destaques, responsáveis por entreter e agitar o público por mais de uma hora, sob o comando do agitado vocalista Oliver, que inclusive desceu à pista para cumprimentar e abraçar os fãs.
Dando sequência ao festival, quando os britânicos do Bring Me The Horizon deixavam o Knotstage, seus conterrâneos do Judas Priest assumiam o Carnival Stage, para uma celebração do Heavy Metal tradicional.
Com 50 anos de carreira e inúmeras músicas consideradas verdadeiros clássicos do Metal pelos fãs, o Judas Priest fez o aquecimento final para o Slipknot. Da mesma forma que o Pantera, a banda repetiu o setlist do show no Vibra São Paulo, mostrando a razão pela qual é um nome tão relevante na cena da música pesada.
Apesar de ao final do show do Judas Priest muitos dos presentes começarem a se deslocar para o palco principal, para buscar um melhor lugar para ver o Slipknot, quem ficou até o final da apresentação conferiu mais um show excelente e irretocável.
“Turbo Love”, “Metal Gods” e “Painkiller”, que encerrou o set regular, fizeram as diversas gerações de fãs presentes cantar e aplaudir esses verdadeiros “deuses do Metal”, liderados por Rob Halford, com seus 71 anos de idade.
Nem uma leve garoa que ameaçou aparecer, atrapalhou. “Breaking The Law” e “Living After Midnight” foram cantadas em uníssono e muitas chamas no teto do palco deram o tom final ao show do Judas Priest.
Slipknot
Era hora de todo o público se concentrar à frente no Knotstage, pois o gran finale estava por vir. Slipknot, o dono do festival, subiria ao palco às 21:20h.
A essa altura era quase impossível se movimentar em meio aos milhares de fãs, mas aos poucos todos foram se posicionando para ver a icônica banda de mascarados iniciar o show com a pesada “Disasterpiece”, faixa integrante do álbum “Iowa” (2001).
Nome relevante desde o final da década de 90, quando alcançou sucesso por suas composições de Nu Metal e por suas apresentações enérgicas e agitadas, o Slipknot se tornou um gigante do gênero, a ponto de apostar em seu próprio festival, em 2012.
Com uma legião de fãs espalhados pelo mundo, o Slipknot alcançou um sucesso extraordinário e a prova disso foi a lotação máxima no domingo. Milhares de pessoas encheram o Sambódromo, muitas delas inclusive trajadas com macacão industrial e máscaras, imitando seus ídolos da banda.
O vocalista Corey destacou que considera seus fãs uma família, ao perguntar quantos dos ali presentes já haviam assistido o Slipknot ao vivo antes. Com um show bastante intenso, era quase impossível não admirar a devoção dos fãs, especialmente em canções relevantes como “The Heretic Anthem”, “Before I Forget” e “Psychosocial”.
Como atração principal da noite, o Slipknot proporcionou aos fãs uma experiência musical e visual muito interessante, dentro do padrão de qualidade da banda. Foram noventa minutos de apresentação, com o set regular sendo encerrado por “Spit It Out”, do álbum de estreia, datado de 1999.
Depois de perguntar inúmeras vezes se o público queria mais uma canção, Corey e banda retornaram para o bis com uma bandeira do Brasil no palco e finalizaram o festival com muitos fogos de artifício, após executar “People = Shit” e “Surfacing”.
O Knotfest Brasil encerra 2022 e também as coberturas de shows da Kiss FM. Depois do sofrimento gerado pela pandemia e dos cancelamentos e adiamentos de turnês, os fãs mereciam um final de ano com um bem-sucedido festival, que certamente veio para ficar.
Agradecimentos à Midiorama e à 30E – Thirty Entertainment/ 5B Artists+Media pela atenção e credenciamento. Fotos gentilmente cedidas pela assessoria – por Camila Cara.
Formação Slipknot:
Sid Wilson – DJ
James Root – guitarra
Craig Jones – sampler e teclado
Shawn Crahan – percussão
Mick Thomson – guitarra
Corey Taylor – vocais
Alessandro Venturella – baixo
Jay Weinberg – bateria
Michael Pfaff – percussão
Setlist Slipknot:
Disasterpiece
Wait and Bleed
All Out Life
Sulfur
Before I Forget
The Dying Song (Time to Sing)
Dead Memories
Unsainted
The Heretic Anthem
Psychosocial
Duality
Custer
Spit It Out
Bis
People = Shit
Surfacing