Camisa de Vênus – Teatro Bradesco, São Paulo – SP – 19 de julho de 2019

Camisa de Vênus – Teatro Bradesco, São Paulo – SP – 19 de julho de 2019

Por Otávio Juliano
Fotos por Leandro Anhelli

Marcelo Nova não tem (e nunca teve) “papas na língua”, como diz a gíria popular. Na última sexta-feira, no Teatro Bradesco, o vocalista e seus companheiros de banda mais uma vez deixaram bem clara a mensagem do show do Camisa de Vênus: bater de frente com o “politicamente correto” e mostrar que o Rock brasileiro não morreu, pelo contrário, tá mais vivo do que nunca.

Com gritos de “Bota pra Fudê” nos primeiros segundos da apresentação, o público sabia o que esperar e curtiu cada momento da banda no palco, tirando o máximo de proveito da excelente acústica do teatro, fato esse lembrado e destacado pelo próprio Marcelo Nova já no início.

Aos 67 anos, o lendário vocalista que é referência do Rock no Brasil, contou histórias dos tempos de que era apenas uma fã do Raul Seixas, pediu menos afobação aos jovens nos dias atuais, os quais destacou serem “cheios de opinião” e em dado momento do show brincou com os presentes, perguntando se estavam cansados e queriam voltar para casa para ouvir “aquela duplinha sertaneja”.

Marcelo Nova, que trajava um elegante terno preto e uma gravata vermelha, ainda lembrou que o “Rock deve ser curtido com classe”, antes de cantar “Bete Morreu”, um dos inúmeros sucessos do Camisa de Vênus, canção que inclusive foi censurada das rádios nos idos dos anos 80.

Mesclando os clássicos de outrora com composições do disco “Dançando na Lua” (2016), o Camisa de Vênus trouxe a São Paulo um setlist bastante especial, promovendo o lançamento do DVD ao vivo “Dançando em Porto Alegre”, incluindo os sucessos absolutos “Eu Não Matei Joana D´arc”, “Só o Fim”, “Hoje” e “Simca Chambord”, além de “Não Sou Passageiro”, que não era tocada ao vivo há 20 anos.

Canções que fizeram muitos dos presentes reviver momentos do passado e cantar junto com Nova e sua entrosada e afiada banda. Refrãos foram cantados em uníssono como em “A Raça Mansa” e em “O Adventista”, quando a apresentação chegava ao final, após duas horas de Rock n’ Roll.

Ao anunciar “Silvia”, Marcelo Nova fez questão de ressaltar que havia perdido o interesse em cantar a canção, mas voltou a incluí-la nos shows da banda Camisa de Vênus após toda a chatice do citado “politicamente correto”. Já em “My Way”, o vocalista desceu e foi ao encontro da plateia, andando por entre os fãs.

Outro momento especial se deu quando Nova chamou ao palco o guitarrista e vocalista Carlos Eládio, companheiro de Raul Seixas na banda Os Panteras. Os dois cantaram juntos “Rock n’ Roll” e “Pastor João e a Igreja invisível”, composições de Marcelo e Raul, para calorosos aplausos
do público.

Felizes daqueles que puderam acompanhar essa apresentação em São Paulo. Certamente havia repertório para mais horas de show e ninguém reclamaria de ficar no teatro a noite toda, mas a apresentação tinha que chegar ao fim, deixando aquele gostinho de “quero mais”. Tomara que o Camisa de Vênus retorne à capital paulista em breve.

Agradecimentos à Assessoria do Teatro Bradesco (Costábile Salzano Jr.) pela atenção e credenciamento da equipe da rádio.

Banda:

  • Marcelo Nova: vocal
  • Drake Nova: guitarra
  • Leandro Dalle: guitarra
  • Robério Santana: baixo
  • Célio “Cadillac” Gouster: bateria

Set List:

  • Bota pra fudê
  • Dançando na lua
  • Deus me dê grana
  • Bete morreu
  • Vento Insensato
  • Cidade Fantasma
  • Gotham City
  • Não Sou Passageiro
  • A Raça Mansa
  • Ferro e Fogo
  • Só o Fim
  • Rock n’ Roll
  • Pasto João e a Igreja Invisível
  • Hoje
  • My Way
  • Silvia
  • Simca Chambord
  • Eu não matei Joana D’Arc
  • O Adventista