Texto por Otávio Juliano – Instagram @showsbyotavio
Fotos por Leandro Anhelli – Instagram @anhelli1980
O Festival – 10ª Edição
Comemorando 10 anos de existência, os organizadores do festival Best Of Blues and Rock inovaram na edição de 2023, trazendo pela primeira vez a São Paulo um formato de três dias de shows, dessa vez com ingressos pagos (o festival era tradicionalmente feito em um dia, aberto ao público).
A mudança trouxe a necessidade de fechamento do espaço dedicado ao festival, proporcionando muito conforto ao público, com acesso a bares, praça de alimentação, lojas e lounges de parceiros comerciais.
Concebido em 2013 pela empresa Dançar Marketing, o Best Of Blues and Rock sempre prezou pela mistura de estilos, trazendo os mais diversos artistas nessa primeira década de existência. Grandes nomes do Jazz, Blues e do Rock n´ Roll passaram pelo palco do festival, reunindo, nesses 10 anos, um público superior a 1 milhão de pessoas.
A reportagem da Kiss FM esteve presente nos dois primeiros dias do festival e pôde acompanhar algumas das atrações, como Tom Morello, Extreme, a lenda do Blues, Buddy Guy, o guitarrista Steve Vai, dentre outros.
Shows – Sexta e Sábado
A sexta-feira começou cedo para quem tinha disponibilidade de ir ao Ibirapuera já durante a tarde, com shows das atrações nacionais femininas, da nova safra do Blues e do Rock. Nanda Moura, cantora e guitarrista de Blues abriu o primeiro dia de festival e na sequência foi a vez da banda Malvada, formada por quatro mulheres.
Ao anoitecer, os americanos do Extreme fizeram um show impecável, com uma energia contagiante, especialmente por parte do performático Gary Cherone, que nem de longe parece ter 61 anos.
Com um repertório contendo as clássicas “Hole Hearted” e a balada “More Than Words”, o Extreme aproveitou a oportunidade para também executar algumas composições do seu vindouro disco “Six”, anunciado após quinze anos sem material inédito.
Assim como já havia sido notado nos singles lançados, as novas canções soam mais pesadas se comparadas com os trabalhos anteriores da banda. Ao vivo, isso ficou evidente, com destaque para “Rise”.
O guitarrista Nuno, que recentemente lesionou o joelho, esforçou-se ao máximo para estar no Brasil e, ainda que com dificuldade para andar, foi uma atração à parte, tamanho seu conhecido talento nas seis cordas. Em “Get the Fuck Out”, Nuno convidou ao palco o guitarrista brasileiro Mateus Asato, aclamado músico, que tem no currículo uma temporada de estudos nos Estados Unidos e trabalhos com diversos artistas.
Tom Morello, guitarrista original das bandas Rage Against The Machine e Audioslave, além de artista solo e de fazer parte do Prophets of Rage. Com seu estilo único e groovado de tocar, Morello executou inúmeras canções (e trechos de canções) de sucesso da sua extensa carreira musical.
Na ativa desde 1979, o guitarrista foi ovacionado pelo público presente, que ainda pôde vê-lo novamente no domingo (Morello se apresentou na sexta-feira e no domingo, terceiro e último dia do festival).
Sempre envolvido em causas sociais, o ativista Tom Morello deu seu recado ao gritar “não ao fascismo”, mas também chamou a plateia para curtir a noite, que chamou de “festa”, em arranhado português. E foi uma festa mesmo. Clássicos como “Killing in the Name” (Rage Against The Machine), a recém-lançada “Gossip”, gravada com a banda italiana Maneskin, além de parte de “Like A Stone” (Audioslave), com direito a uma linda homenagem ao falecido Chris Cornell (sua foto foi projetada na parede do auditório), fizeram a alegria dos presentes.
Para o final, membros do Extreme e até o Steve Vai (que iria a se apresentar somente no sábado) subiram no palco, para cantar “Power to the People”, cover de John Lennon. Em noventa minutos de show, Morello deixou sua marca no Best of Blues and Rock de 2023.
A programação do sábado começou com a banda brasileira Dead Fish, que foi seguida pelo músico Artur Menezes, guitarrista que mistura Blues e Rock em suas composições autorais. Artur inclusive destacou que tocaria somente composições de sua autoria, ao invés de explorar covers, anunciando a faixa “She Cold”, lançada apenas um dia antes da apresentação.
O brasileiro, que atualmente vive nos Estados Unidos, possui cinco álbuns lançados e tem forte influência da música de B. B. King e Buddy Guy, que seria atração naquele mesmo dia.
Ainda no final da tarde, uma grata surpresa para muitos dos presentes: a banda The Nu Blu Band, que conta a vocalista Carlise Guy, filha de Buddy Guy. Com uma voz incrível, a cantora fez o público dançar com muito Soul Music enquanto ia anoitecendo, deixando o show ainda mais bonito, com as projeções na parede do auditório.
Steve Vai tomou conta do palco na sequência da noite. O mundialmente conhecido, talentoso e criativo guitarrista tocou por cerca de uma hora e meia, dedicando boa parte do setlist ao recente álbum “Inviolate” (2022), cuja capa apresenta sua nova guitarra “Hydra”.
O instrumento foi utilizado ao vivo por Vai e impressionou o público durante a canção “Teeth of the Hydra”. Ao lado de Vai, uma banda extremamente afiada, com destaque para o baterista Jeremy Colson, que vestia uma camiseta do Sepultura e teve até alguns minutos para um rápido solo de bateria.
Extremamente concentrado em tocar sua guitarra, Vai posicionou-se a maior parte do tempo no centro do palco, não utilizando as passarelas localizadas à frente. As luzes e as imagens no telão deram um tom ainda mais incrível para a apresentação. Um espetáculo à parte o show de cores e o clima psicodélico criado no show, com destaque para “Building the Church”, com um visual de palco fantástico.
A mais do que clássica “For The Love of God”, faixa do disco “Passion and Warfare” (1990), encerrou a apresentação. Para este momento Vai anunciou que faria algo diferente, convidando ao palco seu engenheiro de som, Dani G., para cantar em italiano no início da canção (Vai anunciou que Dani, além de ótimo engenheiro, era um excelente cantor de Ópera).
O final ficou por conto de ninguém menos do que Buddy Guy, que veio ao Brasil com sua turnê de despedida dos palcos, a “Damn Right Fareweel Tour”. Aos 86 anos, Guy é uma lenda da música e segue tocando ao vivo, com um carisma imenso e um gigante (e contagiante) sorriso no rosto.
Foi emocionante. Esse ícone foi muito festejado pelos presentes ao Ibirapuera, tocando canções de diversos nomes do Blues e do Rock, com seu timbre de guitarra inigualável e sua voz marcante.
Era aquele show para fechar os olhos e curtir cada nota executada por Buddy e sua competente banda, que contou ainda com sua filha Carlise e seu filho Greg, convidados ao palco para uma participação especial. Greg vestia uma camisa amarela da seleção brasileira.
Um verdadeiro deleite para fãs de Blues, com sucessos como “Damn Right, I’ve Got the Blues”, “Boom Boom” (John Lee Hooker) e “Take Me to the River” (AL Green). Esbanjando simpatia e muito bem-humorado (com o já citado sorrido no rosto), Buddy ainda tocou sua guitarra com apenas uma baqueta e depois com uma toalha de rosto, jogada de presente ao público. Palhetas foram também distribuídas aos montes ao final do show.
Buddy ainda retornaria ao palco do festival no domingo, para tocar ao lado de Tom Morello, Ira!, Day Limns e Goo Goo Dolls. Uma boa dose repetida daquele que é um dos pioneiros no Blues. Longo vida ao Best of Blues and Rock!
Agradecimentos a Vinicius Castelli e Dançar Marketing pela atenção e credenciamento da equipe da rádio. Fotos gentilmente cedidas pela produção – por André Velozo.