Texto por Otávio Juliano – Instagram @showsbyotavio

Fotos por Leandro Anhelli – Instagram @anhelli1980

Em apresentação única, não somente no Brasil, mas na América do Sul, a canadense Alanis Morissette passou por São Paulo nesta terça-feira, véspera de feriado nacional.

Anunciado em junho, o show exclusivo logo de cara causou surpresa em muitos fãs, afinal em 2012, última passagem de Alanis por terras brasileiras, a artista tocou em sete cidades e em locais bem menores – em São Paulo foram duas noites, no antigo Credicard Hall (atualmente Vibra São Paulo, com capacidade para 7000 pessoas).

O segundo momento de surpresa foi quando se iniciaram as vendas. Os ingressos “voaram” e se esgotaram no dia da abertura das vendas, provando que a escolha por um local seis vezes maior foi certeira, inclusive por ser apresentação única no continente sul-americano.

O público realmente lotou o estádio e cabe aqui um neologismo originado na língua inglesa: que “vibe” nesta noite de terça-feira! Ver Alanis ao vivo talvez tenha causado a este redator a sensação de volta à adolescência, por isso o uso desse termo em sua maioria usado por jovens e adolescentes atualmente.

Ainda em turnê celebrando 25 anos do lançamento de “Jagged Little Pill” (1995) que, na verdade, já possui 28 anos de existência, Alanis despertou nos fãs uma genuína sensação de nostalgia, ao reviver clássicos deste disco, como “You Learn”, “Hand in My Pocket” e “You Oughta Know”.

Além dessas composições, o sucesso “Ironic” foi responsável por um dos momentos mais emocionantes e bonitos no Allianz Parque. A canção foi dedicada a Taylor Hawkins, falecido baterista dos Foo Fighters e ex-companheiro de banda de Alanis (Taylor excursionou com a cantora entre 1995 e 1996, justamente na turnê de promoção de “Jagged Little Pill”).

Incansável no palco, Morissette se mexia a todo instante, cantando as músicas enquanto andava de um lado para o outro, carregando seu microfone com fio. Foram pouquíssimas as oportunidades nas quais a cantora ficou estática em alguma posição (não era missão fácil conseguir uma foto sua, devido à constante movimentação).

Nem só das composições do já citado disco foi formado o repertório, que ainda contou com “Uninvited”, de letras fortes e cantada com muita emoção por Alanis. Aliás, a artista tem um olhar muito expressivo e põe muito sentimento e técnica ao cantar, mostrando que sua voz segue preservada e intacta aos 49 anos.

Algumas canções de outros álbuns também foram escolhidas para o show de São Paulo, valendo destacar a arrepiante “Ablaze” que trouxe imagens da família da cantora no telão central – Alanis tem três filhos. A letra desta canção inclusive tem o seguinte verso, direcionado à filha: “The next thing you might notice is that we will always be a Family” (em português, “A próxima coisa que pode ser que você note é que sempre seremos uma família”).

Sem intervalos para discursos ou falas longas com o público, Alanis se limitou a perguntar como todos estavam, a apresentar os músicos e a agradecer os fãs. Foi inclusive em tom de agradecimento que o show se encerrou, com a canção de título sugestivo “Thank U”, do disco “Supposed Former Infatuation Junkie” (1998).

No telão algumas mensagens em português foram aparecendo durante a execução da música, com a indicação da hashtag #thankyouJLP25, por meio da qual fãs puderam expressar gratidão por familiares, amigos, pela vida e, é claro, por existir música.

Mais cedo – Pitty

Um show de uma artista mulher do tamanho da Alanis Morissette merecia uma abertura igualmente grandiosa, feita por uma representante do Rock brasileiro. Pitty tocou por uma hora, ao lado de uma banda afiadíssima – Martin Mendonça (guitarra), Paulo Kishimoto (baixo) e Jean Dolabella (bateria – Ego Kill Talent, ex-Sepultura).

A plateia a recebeu muito bem e cantou junto “Teto de Vidro” e “Admirável Chip Novo”, faixa que dá título ao disco de maior sucesso da cantora, que completa 20 anos do lançamento em 2023.

O estádio começava a encher e por sorte o calor deu uma trégua, com direito até a garoa fina em alguns momentos da noite. A cantora baiana destacou estar honrada em ser atração de abertura da Alanis Morissette, mandando inclusive recado em inglês para a canadense, sob fortes aplausos dos presentes.

Agradecimentos à Live Nation Brasil e Motisuki PR pela atenção e credenciamento.

Banda:

Alanis Morissette – vocal, gaita

Jason Orme – guitarra

Julian Coryel – guitarra

Cedric LeMoyne – baixo

Victor Indrizzo – bateria

Michael Farrel – teclado

Setlist:

All I Really Want

Hand in My Pocket

Right Through You

You Learn

Hands Clean

Forgiven

Everything

Mary Jane

Diagnosis

Head Over Feet

So Unsexy

Ablaze

Nemesis

Perfect

Losing the Plot

Wake Up

Not the Doctor

Ironic

Sympathetic Character

Smiling

I Remain

You Oughta Know

Bis

Your House

Uninvited

Thank U